quarta-feira, 27 de maio de 2009

Um homem cometeu um crime!


Apaixonou-se por uma cabeça, disse-nos. Enquanto todos à volta se desapaixonam, perdem o interesse pelo amor, criticam-no e o acusam, ele descobriu-o. Disse-nos que o tinha descoberto, por se ter enamorado por um cabeça.
Por uma cabeça e tudo o que ela traz agarrada, comentámos nós.
Não, não. Esta cabeça não tem mais nada. Esta cabeça pensa em tudo mas não tem mais nada. Esta cabeça, lá dentro, tem uma mente por descobrir…
E foi esse o crime que ele cometeu, ele descobriu a mente, escondida dentro da cabeça perfeita que conheceu. Ele vê a mente onde existe a cabeça e, por isso, cometeu um crime.
Desabafou-o connosco antes de fugir, assustado, por ter cometido um crime que ele próprio não compreende, que, suspeita, ninguém ousou nunca cometer: descobrir uma mente dentro de uma cabeça linda e perfeita.
E fugiu. Ou pelo menos quer fugir. Fugir, declarando-se culpado, sem nunca negar os factos mas tristemente sem nos revelar a identidade da cabeça ou nos falar da mente que o assustou. E fugiu. Fugiu em pânico, espalhando o pânico entre nós. É que, afinal, é possível alguém apaixonar-se por uma cabeça. Será possível fazê-lo sem cometer um crime?

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