quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Dois mil e dez

É no final de tudo, das coisas e do tempo que, normalmente, nos pomos a pensar... por isso, no final de mais um ano, pensemos:
Faça-se um pensamento por ano e já não está mal pensado. Este é longo... foi longo. Longo de fazer acabar a água quente no cilindro, enquanto pensamos.
Sem querer ser um perfeito anormal para quem 2009 não foi generoso, este, foi um ano perfeito. Neste ano, nada de mal, porque mesmo o mau, foi bom. Neste ano, tudo foi possível, quebraram-se as regras pela vontade e lá fomos nós. Este ano, o impossível aconteceu, porque neste ano? Fez-se magia!
Primeiro estranha-se e depois entranha-se, dizem, pois então, falta apenas deixar de estranhar primeiro para começar apenas a entranhar. Corramos no sentido contrário das coisas para absorver tudo e não deixar nada, sorver o mundo até não ter mais ar. E não precisa de ser de uma vez, nem é preciso que se o ouça... basta que o seja. Aos sorvos, aos poucos, lentamente, mas devorando-o sempre sem fôlego.
Que melhor maneira de morrer do que sem folgo? A sorrir, talvez, mas esperemos que ainda não seja em 2010.
Finalize-se o pensamento, iniciem-se (se acreditarmos em tais coisas) os desejos e as resoluções de uma semana de duração.
Cá vai a primeira para 2010: igual a 2009!
Bem, não nos deixemos levar pela fantasia...
Parecido?

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

A Grande Muralha d... joão


Criamos sonhos que vamos ambicionando e desejando, mas nem por isso lhes damos a devida importância. Sonhos que começam frouxos, desprovidos da pujança de um verdadeiro querer. E, sem grande empenho, vamos continuando a sonhar, com a ausência da convicção de uma luta que o concretize. Damos por nós, como que de fora, a pairar sobre uma ideia estagnada na vontade e naquilo que a move.
Muito poucos são os que o sabem ou compreendem, mas hoje, é um dos dias mais estranhos da minha vida. Hoje é o início do fim de um longo sonho, um sonho que já foi ideia amorfa, já foi pouca vontade e, tarde, cresceu para um desafio e uma luta, muitas vezes sentida como demasiado cansativa para continuar a travar. Termina hoje. Ou antes, começa hoje o início do fim.
E, mesmo agora, emocionado somente com tal ideia, continuo descrente e incrédulo se é mesmo assim que tudo se passa... Se será assim que tudo se vai passar...
Existem três leituras para estas palavras. Assentindo, pela sua total compreensão; questionando, por quão exagerada e sobre valorizada importância o assunto eventualmente terá (e lhe dou); ou, interrogando, onde apenas se lê, de que raio fala?!
Hoje (ainda) não se abre o champagne, mas é dia de o colocar no gelo...
E no fim do início, em jeito de sentimentalista idiota e lamechas, agradeço aos que o tornaram possível (sabendo-o, ou não, que o estavam a tornar), porque sozinho, não sei se teria sido capaz. Embora saiba que sozinhos, é que muitas vezes nos ultrapassamos.
Obrigado a quem sempre me fez ver que era possível e a quem o continua a fazer.
Venha outro (sonho)! Mas mais curto, sff.




Já agora,
F e l i z  N a t a l '09

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Lonicidade cafezeira



Beware the coffee bearer,
Thai he is not in his perfect state of mind.
Beware the coffee laugher,
The spreader of an enormous amount of stupidity.
A maniac gone loose, in the wilds of men,
Wide eyed to the world around,
The same which is starting to fear him.
He is a clown with no make-up,
A monster with a pretty face,
Just another joker in a pretty dress.
With no accomplishments, or deeds,
He’s going out with a bang.
And a, kick ass, coffee smelling, smile.

sábado, 12 de dezembro de 2009

The last twelve days of Christmas




On the first last twelve days of Christmas,
My true love gave to me,
A house heart shaped key.

On the second last twelve days of Christmas,
My true love gave to me,
Two hundred maps,
And a house heart shaped key.

On the third last twelve days of Christmas,
My true love gave to me,
Three sand cookies,
Two hundred maps,
And a house heart shaped key.

On the fourth last twelve days of Christmas,
My true love gave to me,
Four cinnamon candles,
Three sand cookies,
Two hundred maps,
And a house heart shaped key.

On the fifth last twelve days of Christmas,
My true love gave to me,
Five hour sleep nights,
Four cinnamon candles,
Three sand cookies,
Two hundred maps,
And a house heart shaped key.

On the sixth last twelve days of Christmas,
My true love gave to me,
Six sushi restaurant,
Five hour sleep nights,
Four cinnamon candles,
Three sand cookies,
Two hundred maps,
And a house heart shaped key.

On the seventh to tenth last twelve days of Christmas,
My true love gave to me,
Seven to tenth bags of potpourri,
Six sushi restaurant,
Five hour sleep nights,
Four cinnamon candles,
Three sand cookies,
Two hundred maps,
And a house heart shaped key.

On the eleventh last twelve days of Christmas,
My true love gave to me,
Eleven twenty four baskets,
Seven to tenth bags of potpourri,
Six sushi restaurant,
Five hour sleep nights,
Four cinnamon candles,
Three sand cookies,
Two hundred maps,
And a house heart shaped key.

On the twelfth last twelve days of Christmas,
My true love gave to me,
Twelve jars of pumpkins,
Eleven twenty four baskets,
Seven to tenth bags of potpourri,
Six sushi restaurants,
Five hour sleep nights,
Four cinnamon candles,
Three sand cookies,
Two hundred maps,
And a house heart shaped key.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Uma (des)aventura no Teatro


Com este, já são dois post's que fogem demasiado à escrita privada e pessoal deste blog. Originando até, uma categoria nova: "apartes".
Uma vez que estamos muito perto do Natal e (só este ano) próximo do fim do ano, estou certo que poucos repararão... Seja como for, e como o último gerou alguma contestação, aqui vai o meu pequeno aparte.


A peça em questão: "O que se leva desta vida" em cena no teatro S. Luís. Esta do meu agrado, e (desculpem a insistência) de maneira alguma, na minha opinião, teatro de 3ª, com actores de 2ª numa stand-up de 1ª...
O INATEL, certamente cheio de boas intenções, promovendo o divulgar da cultural, resolveu organizar uma excursão ao S. Luís para ver esta peça. Viram metade.
Indignam-se por alguém não gostar do que viu e o referir educadamente, de forma lasciva ou não, por escrito num, este sim, blog de 3ª?
Então vejam isto:

Apenas dois (ou três) reparos:
A primeira palavra é "foi". E a segunda é "órrr e n d o"
1º, nunca, mas nunca, se diz a um chef, para ir "semear batatas".
2º, e como sou mesmo chato, correndo o risco de já não me puderem ouvir, a única coisa que aqui se ouviu de 3ª, foram só mesmo os comentários. Mas calma... por serem da 3ª idade.


Olha... "é por isto que os nossos meninos andam aí nas drogas". Precisamente porque "o que lhes ensinam é isto".. isto.. isto de risotos de limão com Champagne, cremes de aipo com nage e ovas, carpaccio de novilho com rucola.. já para não falar no gelado de alheira.
Será que sabiam que no fim tinham direito a um beberete? Perdão, uma bucha... se calhar não tinham dito nada, é que a viagem deve ter sido longa e, mesmo que mais cedo, ainda têm que voltar...

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Quando as palavras não dizem o que somos


Vejo o que não vejo, para me sentir pelo que via... em mim.
Paraneia de mente medrosa consumista da pouca lucidez,
Que obstrui o natural e renomeia o normal pelo artifício.
É uma espécie de cegueira interna,
Uma raiva de amor desmedido e tresloucado,
Que não retira, injustamente,
o siso a qualquer ancião, teoricamente inalterado.
Tirou-o a mim.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Medo!


Existe em tudo uma segunda intenção.
Um ver das coisas com outra visão,
Onde uma mentira escondida,
Na verdade pelos olhos combalida,
É o arqui-inimigo do pensamento
Que nos transforma o sorriso em desalento.
Convence-nos que não é mais do que o medo,
e tolda-nos o olhar mais cedo
Para nos aproximar da morte interior,
Por este outro ver em temor.


Só queremos conseguir sentir,
a verdade aos nossos olhos e os abrir,
para não pensar mas sim saber,
Não há razões para temer!
Mas o que na verdade não vimos,
É o silêncio daquilo que sentimos,
e passamos então a desejar,
Poder apenas, voltar a olhar.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Estática



É a ausência de cor que nos perturba o sono,
e por isso não sonhamos.
Somos Leão da monótona Savana,
Aquele que ruge à comida e desconfia da noite,
E por isso não dormimos.
De repente... O silêncio!
Nada na manga, nada na voz
E calam-se as vozes,
Mas mexem-se os lábios.
Cerramos os olhos
e pensamos na deleitosa estática
que nos confunde com o nada.
E por isso não pensamos.
E é quando ainda temos o sabor a dançar nas nossas línguas,
Que volta a cor.
Penso, não penso?
shhhh...
Durmo, não durmo?
Sonho!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Lo primero de Diciembre


Hoy es el dia que os hemos dado una patada en vuestro culo.
¡El dia que hemos dicho, quitaos maricones!
¡Esa es nuestra casa, ese es nuestro espacio y esas son nuestras cosas!
¡Quitate de ahí que te voy a reventar!
Ese es el dia que vas a volver a tu pais con el rabo entre las piernas y olvidarás (non senso) que te has llevado el mayor puñetazo en tu ego.
Hoy es el día que vuelves a tu país y no regresas jamás.. excepto por el sol, el vino, la comida.. porque aquí no hay tortilla de patata...


feliz feriado... hermano

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Uma aventura no Teatro


Contra aquilo que é o conceito deste blog, e no fundo o meu, vou partilhar uma experiência pessoal. Pessoal daquelas que se passam com o escritor.
Fui ao teatro!
Fui ao teatro não porque sou um pseudóintelectual, nem tão pouco porque o sou sem o pseudo, mas porque me ofereceram bilhetes.
Peça em questão, Hedda Gabler. Como quem vai ver um filme ou comprar um carro, há que, pelo menos, ler qualquer coisa rápida sobre o assunto: "considerada uma das maiores peças de todos os tempos" ; "século XIX" ; "amor, traição, morte, mais amor e mais traição". - qualquer destes dados (e os seguintes), são não só questionáveis, como o devem mesmo ser, mas estou com preguiça de por a mão direita no rato e ir perguntar ao sr. google.
Vou directo ao assunto, e que me desculpe quem me disse bem da peça, até porque ninguém me perguntou nada, mas não a aconselho muito (nem pouco... simplesmente não aconselho). É daquelas peças só mesmo para fãs ferranhos de teatro à boa maneira antiga, porque para mim, ver a Sofia Alves sempre a olhar para o 2º anel do auditório municipal Eunice Muñoz, (que só tem para ai 6m de altura) como quem está a declamar poesia ao jeito de serenata shakespereana falada mas ao mesmo tempo sofre de um torcicolo vertical, apoiado num arregalar de olhos, altamente inquietante e de futuro estudo cientifico pelo recorde de tempo a não os piscar, certamente provocado por alguma deficiência mental (admito que possa não estar a ser muito verdadeiro... acho). Não quero parecer injusto e certamente até poderão estar a pensar "se calhar ela estava era a interpretar de forma exímia o papel", mas ela, era uma senhora de classe suposta média (e a subir) do século XIX por isso, ponto ponto ponto...
Mas até admito que não tenha qualquer tipo de sensibilidade para apreciar esta peça e portanto, mereço ser cuspido e até vaiado.
Long story short, Vítor de Sousa (vá.. Guilherme Filipe também) salva o espectáculo de 3h (felizmente com intervalo), Ana Rocha irrita com tanta anormalidade de interpretação, Paulo Rocha pela mediocridade e Berta Dulce por só aparecer 10min.
Ah, já agora gostava de enviar uma palavra de apreço à senhora de (vou atirar à sorte) 80 anos - vamos-lhe chamar Amélia em honra à senhora minha avó e, já agora, à Rainha Dona... Amélia - que lá estava e se conseguiu portar pior do que a segunda metade anterior da plateia, cuja média de idades rondava os 17 anos (arredondado para cima).


Hedda com a palma da mão esquerda no coração e as costas da mão direita na testa, olhando o 2º anel, numa interpretação magnífica de nos fazer suster a respiração durante o mesmo tempo que não pisca os olhos, diz muito alto - "Aaaaaaaah... e agora !!! que será de mim! QUE VOU EU FAZER!"
Amélia - vais dormir!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Artista convidado #5

WIRE-mycoconuts-LESS

ALDEIAS - How come I end up where I started?
 - Da próxima vez tenta virar à esquerda... e não é uma metáfora política
A. - Estava aqui a ler... anda um poeta feito
 - é... o verdadeiro. O original, que escreve mas não tem dinheiro para o pão. Dos que encanta as mulheres com as palavras, mas vê as mesmas entrarem nas carruagens de mais cavalos.
A. - não percebi a dos "mais cavalos"
 - ...
 - "Aaai! Dizes-me coisas lindas mas eu bou dar uma bolta no carro daquele". Poeta.. século passado... carro... carruagens... Não?
A. - aahhh. Pois.
 - Onde anda o Aldeias genial que conheço?
A. - meio adormecido.
 - Onde anda o fritado da cabeça que faz uns rissóis literários em óleo retrasado que são um mimo!
A. - mas olhe, se vão por aí... não serve!
 - Pois... prefiro conquistar por outras coisas. Como o meu extraordinário, avantajado-que-até-chega-a-doer-(dizem) mas perfeitamente mediano, pénis.
A. - O Bica também me disse que te admirava por isso... Mas diga-me, como anda?
 - Bem... mudei-me.
A. - Então?
 - telefonaram-me e disseram: "my big stallion, pega na tua carruagem e dirige-te para aqui!
A. - ?
 - E eu pus a mão no baixo ventre e lá fui
A. - Vais procriar para o exército?
 - Não me apetece falar da minha vida pessoal contigo... podemos antes voltar ao assunto do baixo ventre?
A. - muito bem... perguntar não ofende.
 - Olha, que pensas tu de 'amor e uma cabana'?
A. - barraca de cocos
 - Amor, uma cabana e um canudo na mão para matar os mosquitos.
A. - Também tenho esse ideal de vida. Mas não no Brasil. Caraíbas... algures.
 - ôi... sou mésstrádo ein telecumunicaçõies maiss tênho uma barraca dji côcos.
A. - engenheiros fazem tudo!
 - Barraca de côcos wireless! Não.. .espera.. WIRE-mycoconuts-LESS!
A. - pronto então, depois trata de pôr isso em bolsa para eu comprar uma ou duas acções.
 - Até te propunha sociedade mas como és mais caraíbas....
A. - Só se fizermos um franchising!
 - WIRE-mybrasiliancoconuts-LESS e WIRE-mycaribeancoconuts-LESS ?
A. - Genial! Temos negócio!
 - bumba!
A. - Mais uma vez os meus parabéns. Se escreveres um livro, compro.
 - Então já são 5 a comprar, com a minha família incluída.
A. - Mas tem que ser fininho... nem muito caro.
 - Pois.. o problema é que provavelmente quem o compraria, seria a quem eu faria questão de oferecer...
A. - Tens razão. Vais morrer pobre.
 - MAS FELIZ!
A. - É isso, camões da era moderna!
 - em que o moderno é só não ter a pala... gosto!
A. - ...
 - Posso ser antes o Pessoa mas sem o ar nerd?
A. - Podes. É o meu favorito.
 - Estás a insinuar alguma coisa?
A. - sin mariconadas
 - Vai tomar um café e comer qualquer coisa. Cheiras a preguiça mental que é um nojo
A. - Vou criar esse mail: PreguiçaMental@Aldeias
 - Já existe
A. - ...
 - É de um amigo meu que julga que tem parelesia cerebral
A. - sempre te soubeste rodear
 - obrigado..... amigo.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Sodade


Há uma espécie de saudade em cada partida.
Seja ela       por partir,       por ver partir       ou       por perder.


Por partir,
na ânsia de sair ao encontro do entusiasmante destino de então,
ou na imposta, mesmo que pelo próprio,
vontade de sair.
Confundem-se os que lhe chamam medo, pois não o é,
é saudade.


Por ver partir
é amor,
seja de qual tipo for.
Porque os há muitos. E diferentes.


Por perder,
é impotência que nos sai do controlo e nos transforma lentamente o dócil,
na raiva e indiferença do porquê.
Nos recruta para uma guerra altamala e nos refaz,
dos carecidos soldados do antes,
nos de couraça vestida do depois.


Eu,
que as conheço a todas,
sei que não existem más saudades.
Existem apenas as saudades que fazem mal.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

(sem destinatário)


Invejo a criança pela capacidade de estar só,
de se entreter com o nada e, pela imaginação, criar tudo.
E penso,
quando perdi eu essa capacidade?
Deixei de ser criança quando deixei de estar só
e me esqueci do que era estar sozinho.
Dizem que nunca sabemos quando o esquecimento vingou,
até termos verdadeiramente esquecido,
mas é também essa a razão pela qual nunca esquecemos...
E criamos a solidão.
Porque sós, sempre o fomos até não o sermos mais,
até nos habituarmos a crescer.
E depois é tarde,
já somos grandes...
uns mais do que outros.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Texto de raiva anormal



Vivo na ilusão do bem estar perante a anormalidade dos outros, para me aperceber que afinal, o anormal sou eu. Sou eu que me consumo, que falsamente me enrugo e desgasto o espírito da ansiedade pela razão de uma qualquer mudança genética num cromossoma escondido, anormal, monstro e bicho na implosão interior a que me sujeito, perante a anormalidade dos outros.
Mas está tudo bem...
O anormal sou eu e se para os genes ainda não há cura, para a mutação há-a. Por isso, sigo resignado, esperando, aguardando, vivendo para um qualquer outro dia: O dia em quem a anormalidade sai à rua mas eu fico em casa.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Reservado o direito de admissão




Intensifique-se o silêncio do pensar nas coisas.
Calem-se as vozes irreflectidas, e mantenham-se presas as opiniões,
Pois são as palavras que atrapalham o pensamento.
São mais puras as ideologias escritas, do que as explicadas e,
Como no amor,
Em que a palavra é suja,
A escrita é poética
E a não resistência ao toque é tudo,
Também a palavra, rouba o significado do pensamento.
Discuta-se então, o estado das coisas,
Que a sua importância é máxima,
Mas omita-se o pessoal,
Que o que é de cada, a cada pertence.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Naquele tempo

(em resposta à Lua Nova que, por acaso, não me perguntou nada)





É a velha máxima do mais velho,
que quando revê o mundo ao espelho,
se lembra do bom do passado,
do quanto foi abençoado
antes de ser tudo diferente
e ter saudades do antigamente.


E se o mundo muda numa geração,
ficando do antes, a recordação,
porque não aproveitar agora,
para invejar outros com a sua história?
Passar a ser ele quem deixa a saudade
e se tornar, pelas palavras, uma sumidade.


Mas as saudades vão falando mais alto,
Porque tendemos, com sobressalto,
recordar apenas o agradável,
que a nossa mente, de forma incansável,
Faz questão de lá manter.
É a ilusão do, "antes, é que era viver!"

domingo, 15 de novembro de 2009

Freud: Vai dormir!


Quando todos acordam para recordar,
Eu quero voltar a dormir para esquecer.
Esquecer o pormenor e o cheiro, da imagem
Que me atemorizou o coração.
Quero fechar os olhos para não lembrar mais,
Mantendo apenas o álcool,
Trazendo-o para a realidade,
mas só,
Sem apêndices de subconsciente,
Nem imaginários de tortura.
Vou fechar os olhos e perder a lembrança
Do carro de porta aberta.
Não vou esquecer quem me transtornava,
Mas vou omitir o desarranjo mental que me provocou.
Vou acalmar a dupla raiva,
A da imaginação
E a de me enraivecer.



Hoje decidi:
Já não quero voltar mais a sonhar.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Uma predada no charco


Somos seres de emoções voláteis e de uma fraca consciência, quebrável ao primeiro pensamento de índole quimérica. Chegamos a impor, frequentemente, a mentira de nos mentirmos a nós próprios, sem a consciência de ser isso o que nos fragiliza e consome, mesmo que para os supostos mais fortes, apenas o façam na disfarçada solidão do isolamento.
Inventamos um turbilhão faminto de dúvida, que na presença ridícula da hipótese e da conjetura, cá dentro, leva tudo pelo ar. Apercebemo-nos, incrédulos, que basta uma pedrada no charco.
E de repente vem um sol, e somos super fortes outra vez!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Mala dos sonhos



Existem baús de cheiros, cheios de promessas de retornos e perfumes de lembranças. Mas são falsos perfumes que rapidamente se desvanecem, e são falsas promessas que não juram para além da promessa e dos efémeros aromas de pouca duração.
Eu tenho uma mala que os guarda a todos, mas nem os mais resistentes duram senão um dia e a fraca espécie de desculpa de memória, a que chamo cabeça, perde-se na ebriedade confusa das roupas por lavar, provocando utópicos sonhos de transporte imediato, que, no mesmo imediato, me começam a matar pela saudade.
Hoje sinto uma penosa infelicidade numa solitária refeição tardia, num alimento obrigatório, fora de horas, que substitui o fresco sorriso, pela intragável melancolia a que me obrigo.
A cada inspirar forçoso procuro-o, para em vão, perguntar por onde anda o doce cheiro insuportável de que me queixo.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O egoísta do povo



Auto-proclamo-me, pela primeira vez, egoísta!
Só para mim, como um verdadeiro anarquista.
Deixo tudo e todos de lado,
para me tornar eu, O realizado.


Entrego-me ao desejo pessoal,
Que pode até ser inconstitucional,
Aos olhos de quem não consegue obter,
O que para um egoísta é viver.


Sabe tão bem sentir assim,
o nosso próprio frenesim,
exclusivo de quem sabe,
que mesmo que o egoísmo acabe,
E tudo o resto desabe,
                                                    Eu...
                                                                                            Pelo menos...
conheci nele a felicidade!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Not all kings men





Why shouldn’t we absorb what’s of others?
Or why, from time to time, question our fathers?
You see,
Even If all men would gather their word,
They’d still knew less than any kind of a bird.
True, that not all men are smart, nor all women wise,
But the lesson of life is one, in the end, there is no prize.


Living our lives for ourselves, may be selfish and rude
But without the truthful growth of solitude,
We become, an unsigned rewritten book,
Or an unflavored meal, that you’d overcook.
Again,
Who am I, to judge with a pen?
Let’s face it, not all kings men.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Joseph the beggar


To a single handful of friends, he is merely known as Joseph, but in his street, he’s known as ‘the beggar’. In the corner of the 2nd with Welsh, although he asks for money, he does not beg for it and, to all that pass by him, the strange feeling of self petty is common. It's as if the ones that passed, were the same standing... waiting.
I to felt the glowing aura of sadness of the self-conscience bearer, with the capacity of affecting all just by looking.
I would never forget the day that I met Joseph. He had a sign that said: “Do you wanna support love?”
The immediate thought of conversation crossed my mind, so, I interpolated him:
-That’s a nice Shakespearian way of putting things … and how much does it cost to support your love?
-Priceless, young sir.
-Let’s be a little more realistic, shall we?
-By all means kind sir...
-How much does a pound support your love?
-Sir… I would love you for that…

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

De sanu e lucu todos temos um pucu



Até um louco,
quando sem argumentos,
pede a palavra.
Por ser louco,
tudo tenta,
pensando que tudo pode.
Afinal,
ele é louco.
É por isto
que um desesperado nada pode contra um louco.
Afinal,
ele não sabe senão desesperar.
O argumento de um louco, dá cadeia...
O de um desesperado, é morte.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

The Devil is in the details



É no viver do sentido do nada
A inspiração das pequenas coisas.
Afinal, é onde está o diabo!
Cresço grande onde me chamam pequeno,
Onde os planos se fazem com sonhos
Mas consciente que os sonhos,
Se fazem e desfazem
à velocidade de um pensamento mal planeado.
Por isso,
É a própria consciência que perdoa o mundo.


quinta-feira, 22 de outubro de 2009

dó de um inconformismo


De todos os que não o são,
Eu sou-o menos.
De todos estes ,
dos que não o são,
São os que querem
que não o podem verdadeiramente ser.
Mas eu posso-o.
Só não o quero.
Os outros, os que o são,
Não o querem.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Little Boxes



Hoje só de bola de cristal é que lá vão. Nem sendo bruxos, só mesmo de bola.
Incomoda-me a generalização do particular e, mais do que incomodar, preocupa-me a particularização que fazem. E volta novamente a me incomodar por, nem nesta altura, me deixar de incomodar com uma particularização que nem é minha.


-Há coisas que não mudam ou demoram a mudar...
-Porquê? Estás diferente?


Resigno-me ou critíco?
Tomo um café e digo-me, ‘cala-te’.
As minhas desculpas, se tal forem necessárias, mas hoje acordei em necessidade de criticar o sonho americano... little boxes, little boxes... Aparentemente todos para lá caminhamos sem qualquer poder de escolha, só muda a língua.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Escrever versus rimer é Rimar versus escrivar



Não percebo a arte das rimas
Que de forma sublime dominas.
Não compreendo, como apenas um trecho,
Pode ganhar a todo um texto,
Ou o porquê do rimar
Prender mais quem está a escutar.
Será pelos versos serem mais curtos?
Bem sei que a preguiça é um surto,
Que se pega só de ver
Tantas letras a aparecer.
Seja porque for, acato sem desprezar,
toda a forma de rimar,
Que a minha, por ser pobre e por limar,
Não me deixa sequer opinar.


quinta-feira, 15 de outubro de 2009

mag oa da


Este não é um texto de conforto
Para que teu navio chegue a bom porto,
Pois não o há quem torne o desgosto
De imediato no sentir oposto.


Nem é uma tentativa de animação,
Ao que agora parece, não ter solução,
Mas parte-me o coração,
Ver-te em tamanha aflição.


Há que dar tempo ao andar,
E é sempre fácil falar,
Mas como é possível aguentar
Quando até o ar custa respirar.


Foi em tempos de paz duradoura,
Que o papel de gladiadora
Te assentou como uma luva,
Agora, não passas de um chocolate à chuva.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A grande fuga

Deste lado do espelho,
Sou a Alice sem maravilha
Em desespero por uma toca onde cair.
Nasci quelónio híbrido,
Rebento da preguiça com o cobarde,
Onde nem a minha concreção me dá guarida.
Perco-me antes no ar fétido que exalo,
E torno-me nexo do mar e da areia.
O que lhes devo, não tem paga.
E, como um hélio de borracha infantil,
Voo de âmago cheio.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

World is a variety show, but I watch it all on the tip of my toes:




‘Cause I see a future, hopefully near,
Where I can hold on to something dear.
And I can only imagine how it would be,
To finally have roots like an old tree.


It’s in these days of wind and rain,
That I feel this cold kind of pain,
Where the light is short and dark,
And my head a big old question mark.


But, as time goes by I stand strong,
Thinking of you all day long,
And unlike all sane, I do pretend,
You don’t exist, my imaginary friend!


Are you really a figure of my imagination,
(and I never had this conversation)
Or on the contrary, you’re quiet real,
Stuck in my head like a strong ideal.


You see, I really don’t want you to leave,
So we can share what we’ll both achieve.
In written or in my mind, but forever,
Real or imaginary, but together!


segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Já encho as calças



A qualidade de um livro vê-se pelo peso do mesmo. Experimentem pesar-se antes e depois de ler (de preferência sem o livro na mão). Engordei 1Kg numa tarde, depois de um Zafón mal mastigado e andei a Pankreoflats uma semana depois de um José Luís Peixoto sôfrego. Eu que como sopa todos os dias, duas vezes por dia, troquei-a pelo Miguel Andresen e ando aqui que não me aguento.
Existe, obviamente, toda uma subjectividade no paladar cerebral e, tanto podemos ficar enfartados com um Thomas Cook, como usá-lo para corta sabores...
Há quem já me tenha dito que usa o Livro do Desassossego, vejam lá, para palitar os dentes! Um absurdo, que O Fernando é a pior dieta que existe.
Correm rumores que um certo indivíduo teve que colocar uma banda gástrica após ler Herta Müller.


Não sei o que se passa comigo, até ler letras de música me dão pneus e duplo queixo, e atenção que sou pessoa para fazer de um qualquer rodízio em grupo, uma competição onde raramente perco e vou sempre ao pódio (mesmo que desaperte o botão das calças à primeira passagem de maminha).
Esta até poderá ser a solução para a fome no 3º mundo, sendo que Portugal só não passa fome porque a matemática não é letrada e, excepcionalmente, não interfere no arredondamento do nosso 2.5 (para cima). Seja como for, já encho as calças.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

These shoes are made for walking



Comprei uns sapatos com o único propósito de me viajarem. Por isso ainda não percebem português e, apesar de falarem pelos calcanhares, não conhecem a calma e o ameno.
Durante dias vi-os todos os dias, e esperei. Apresentei-me, experimentámo-nos e esperei novamente, que nem mulher indecisa na combinação de diferentes tons da mesma cor de carteira e sapatos, declinando “pendant” da sola com o penteado da altura. Depois sonhei-os e comprei-os nesse mesmo dia.
Agora tenho uns sapatos que viram o mundo do chão, dormiram no ar, dançaram no alcool, fumaram nas calles, desenharam na neve e nadaram nas poças, carregando-me sempre de volta a casa.
É altura de quebrar promessas e levá-los a passear novamente. Infelizmente a CAT não oferece milhas.
"start walking, shoes..."

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

não tenho pescoço



   De todas as criaturas que já sonhei ser,
vampiro foi a que decidi escolher.
Humano, animal, magnífico ou horroroso,
não pelo ébrio sangue bacterioso,
mas pelo pescoço perfeito,
a que pelo menos teria direito.


   Não sei pescoço, mas queria um!


   Queria um pescoço para morder até ao limite do sangrar,
um que em macro pudesse observar e sentir,
o afirmar em silêncio dos poros a pedir,
à penugem de pele para se erguer,
para que, sorrindo de dor e prazer
enquanto o via se contorcer,
o trincar e novamente observar,
o ofegante recolher em choque,
da penugem de um pescoço que acusasse o meu toque. 
   Queria um pescoço só para mim, para brincar, provocar e fazer suar
ao som da minha respiração e ao toque do meu paladar.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Uma caneta!




-‘Tás-te a rir de quê?
-De nada, disse sorrindo sem se aperceber disso.
-Ninguém se ri de nada, respondeu-lhe jocasamente enervada.
-Pois eu rio-me de nada e ainda me atrevo a rir de tudo.
A resposta não a satisfez, mas não quis insistir. Conhecia-o suficientemente bem para saber que não valia a pena. Ele é que não o sabia, e pensava, uma caneta! Uma caneta seria perfeito. Se me conhecesse bem, seria uma caneta! Mas que penso eu, uma coisa é o vento assustar-nos com a sua presença falando-nos ao ouvido quando pensamos estar sós e invisíveis, ou o artifício do fogo acontecer como que encomendado a meio de um romance, ou um vortex nebuloso mostrar-se apenas aos nossos olhos, ou, sem pedido, a encomenda bastar ter vontade, outra coisa é outra coisa. E riu-se sozinho alegando o nada como resposta.
À noite, ao deitar-se, tinha uma caneta na almofada.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Parto hoje...







Tínhamos combinado voltarmo-nos a ver no último pôr do sol do mês de Setembro, no cais da Rocha do Conde de Óbidos e foi lá, junto ao estaleiro principal, que morri pela primeira vez. Quando cheguei, atrasado como de costume, já me aguardava, cabisbaixa, não conseguindo encarar os meus olhos surpresos pela sua estranha inquietude e falta de coragem muscular. Sem pontaria nem intenção, com palavras de tons ténues e uma voz trémula e nervosa, após uma pausa de hediondo suspense para os meus ouvidos, como que a ganhar coragem para regurgitar as palavras ingeridas previamente pelo pensamento, disparou certeira.
- Parto hoje... Não sei se volto mais, nem sei para onde vou. O meu pai quer-me longe desta cidade e deste país...
- ...cala-te! Não me interessa nada disso! Esperas por mim? No barco ou num qualquer outro porto, mas espera por mim! Eu procuro-te, eu encontro-te, eu acompanho-te e partimos os dois... mas se partimos os dois, não voltamos mais... Sim?
Levantou a cabeça e sorriu.
- Não demores. Temos o mundo para descobrir. Até à vista!
Virou costas ás lágrimas, e sem conseguir esconder os soluços, sem um beijo ou um dos nossos abraço de parar o tempo,  afastou-se.
A minha vida seguia agora outro rumo. A partir daquele momento tudo iria ser diferente e aguardar pelo momento em que nos reencontraríamos tornava-se um desejo em forma de sufoco estranhamente agradável. Nunca mais a vi.