domingo, 30 de janeiro de 2011

drive by



Focando a vista, concentrando-se para debater contra o sono, sem se aperceber, atira o carro contras as guias sonoras. Ela, acordando, pergunta:
"Estás com sono?"
"Estou"
"Não é melhor telefonares a alguém?"

sábado, 29 de janeiro de 2011

saudade



saudades de ser gostado de uma certa maneira.
saudades de um certo tipo de sentimento.
não de pessoas,
não do tempo

(que não o troco por nada)

não de nada mas de apenas de um certo tipo de gostar que já foi.


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

vulca...~ a d ....o



aPETECE-ME PEGAR-TE COM FORÇA PELOS CABELOS E GRITAR-TE AOS OUVIDOS... eSPALMAR-TE A CARA ENQUANTO COLO A MINHA E BERRAR-TE A MINHA RAIVA. mOSTRAR-TE O MEU LATEJAR PARA QUE ME VEJAS ENQUANTO AVERMELHO. qUERO PEGAR-TE NOS BRAÇOS, ABANAR-TE DURANTE HORAS E EM TODAS AS DIRECÇÕES ENQUANTO CONTINUO A GRITAR O IMPERCEPTÍVEL, PARA QUANDO ME CANSAR, TE ATIRAR, NUA E SEM REACÇÃO, PARA CIMA DA CAMA DESFEITA, RESPIRAR FUNDO, MOLHAR OS LÁBIOS SECOS COM ESTA LÍNGUA, OLHAR-TE NOS OLHOS INCRÉDULOS, E COM TODA A TERNURA PERGUNTAR-TE,

-Estás bem?


domingo, 9 de janeiro de 2011

Pressão



Todos os sistemas em pressão precisam de uma válvula para o aliviar. Tem de haver uma maneira de reduzir o stress, a tensão, antes que se torne demasiado elevada para se suportar. Tem de haver uma maneira de aliviar a pressão, porque se a pressão não encontra um caminho, então constrói um. E explode. É a pressão que colocamos a nós mesmos a mais difícil de suportar. A pressão de sermos melhores do que já somos. A pressão de sermos melhores do que pensamos que somos. Nunca alivia. Apenas se acumula, acumula e acumula.

Quando dizemos coisas como, “as pessoas não mudam”, contrariamos os cientistas, porque a mudança, é literalmente a única constante em toda a ciência. Energia. Matéria. Estão sempre a alterar-se, a mudar de forma, a fundir-se, a crescer, a morrer. É a forma como as pessoas tentam não mudar que não é natural. A forma como nos agarramos a como as coisas foram, em vez de deixarmos que as coisas sejam o que são. A forma como nos agarramos a velhas memórias em vez de construir novas. A forma como insistimos em acreditar, apesar de todos os indícios científicos, que nada nesta vida é permanente. A mudança é constante. Como experienciamos a mudança é connosco. Podemos senti-la como a morte, ou como uma segunda oportunidade na vida. Se abrirmos os dedos, folgarmos os punhos, deixarmo-nos ir, relaxarmos, pode saber a pura adrenalina. Em qualquer momento podemos ter outra oportunidade na vida. Em qualquer momento, podemos voltar a nascer.