terça-feira, 29 de setembro de 2009

Amenas e boas


Estamo-nos a aproximar do ponto médio do início do Outono. Da altura em que a praia ainda é possível, mesmo que com sacos ainda maiores que os do verão, onde guardamos um casaco para o final de tarde.
Estamos a chegar ao delicado ponto de açúcar onde as castanhas assadas e a areia convivem brevemente.
Já sem o Mar de Verão mas com a Jeropiga de todas as estações, embora cada vez menos tímida por estes dias, temos a única altura em que o sol ainda aquece depois de almoço, a praia ainda é possível de tronco nu, as tardes já trabalham e por isso não acabam demasiado cedo nem duram até depois de jantar, a chuva ainda não atrapalha o suficiente para apagar as brasas do assador e as castanhas já aquecem as amenas noites de Outono.
Só ainda não consigo encaixar bem as mantas e as camisolas grossas, mas talvez do ponto médio do início para frente, o apetite e o sabor já sejam diferentes...

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Camaradas. Amigos. Portugueses e portuguesas:


O Jorge casou-se! O Socras é o primeiro, parabéns ao Jorge!
Casar, por si só, já é um risco demasiado grande para se cometer nos dias que correm, mas fazê-lo no dia de reflexão nacional então, é uma responsabilidade que louvamos.
O Jorge casou-se com a Helena de Tróia, o vinho não mancha a carpete, o Benfica já é campeão e viva o Porto!
A partir de hoje, após grande sofrimento pessoal e uma dor atroz sempre escondida de forma consciente, calçamos dois números abaixo do que calçávamos antes de ontem e, por isto e por outros, o PDMAI está de parabéns.
Queremos começar por saudar os jovens da Juventude Amiga Imaginária, que se envolveram num elevado sentido democrático e bateram-se num entusiasmo extraordinário, assegurando o futuro dos nossos ideais.
Com os nossos 0%, não há nenhum partido que tenha crescido tanto como o PDMAI. Nem mesmo o BE e, após o resultado atingido, podemos afirmar que conseguimos estabelecer aquilo a que nos propusemos, ao crescer de uma forma substancial e significativa neste últimos anos. Todas as ausências de objectivos que dependiam de nós e em que nos empenhámos a cumprir, cumprimos! Sabíamos que eram objectivos ambiciosos mas, depois de ver a diagonal esquerdinaódestra representada em cidades por todo o nosso país, estamos cientes que podemos dormir descansados com um sentimento de cumprimento do nosso dever. Nada mais será como dantes. Hoje, a capacidade da diagonal esquerdinaódestra passa a estar representada de forma estável e segura. Sabemos o que temos pela frente e o que vem aí e por isso, estamos satisfeito com o resultado onde podemos afirmar, em nome do PDMAI, dos seus militantes, simpatizantes e votantes, que estamos aqui! Estamos presentes!
Estamos também disponíveis a trabalhar com quem quiser trabalhar e ajudar quem quiser ser ajudado, mas por nós, continuaremos a trabalhar pela qualidade da nossa democracia.
Terminamos para esclarecer o desinformado povo português e, noutra categoria completamente distinta, os mais desatentos, que de todo um corajoso e informado universo não abstencionista, tudo se tratou sempre de uma questão de imagem e nunca de competências. Fizemos muito pelo nosso país, cujo nome chegou mesmo a ser entendido, de forma errónea, por Portugal. Também não nos referia-mos à Cochinchina (sem ‘n’) que, segundo soubemos, fruto de uma política danosa, perfeitamente descrente e imaginativa, está em possível guerra iminente com Portugal, a quem lá, já chamam Potugal.


A todos,


Bem hajam!
Viva o PDMAI, viva Portugal!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

24/09/2008




Parabéns vida!
Ao estilo de um qualquer retrato surrealista, podemos pintar a vida como uma série de encruzilhadas e caminhos onde se destaca apenas um... a negrito. Uma espécie de puzzle labiríntico numa qualquer sopa de letras barata mas com a diferença de não haver apenas um caminho certo até à meta e, já agora, sem uma meta definida porque nunca sabemos para o que vamos...
Se me dissessem, dois anos no passado como iria ser o ano seguinte, acreditaria sem grandes dúvidas em tudo e com um sorriso. Há 3, igualmente, mas mais do que isso, assim de repente, começam-me a falhar pormenores. Há 1, rir-me-ia do absurdo e diria de sobrolho esquerdo levantado que com toda a certeza não iria ser assim, que não só não seria possível, como faria questão de pessoalmente provar de que tal energúmidade não se passaria.
Faz hoje um ano que fiz um traço com um marcador grosso preto num caminho e escolhi, ao acaso, com um perfeito desconhecimento que julgava não possuir da pequena meta intermediária, o caminho até aqui.
Uma escolha sem pensar (muito) é uma escolha fácil e uma conclusão prévia mas com conhecimento de causa é sempre fácil de criticar, por isso, nestas condições, de nada serve analisar nada. Foi uma curva repentina, em forma traço preto carregado numa qualquer encruzilhada, que passou rapidamente a uma longa recta.
A dificuldade das escolhas que fazemos na vida residem precisamente no desconhecimento do rumo que levaremos após as tomar e como já escrevi anteriormente, certamente parafraseando alguém, ignorância é uma bênção. Mas é tão fácil sermos ignorantes. É só fechar os olhos e resignarmo-nos, por isso, após cada escolha difícil ou a cada acatar de consequência de uma escolha, vem uma vontade extrema de fechar os olhos e ser ignorante.
Depois vem a experiência inevitável que se ganha por qualquer escolha e a sua relação é directamente proporcional entre o nível de experiência e a dificuldade da escolha tomada.
E aqui estou eu, passado um ano, a pensar na maravilhosa vida que tive até então, de cabeça ultra populada de pensamentos que bloqueiam o coração musculado de tanta arritmia cavalgante e, principalmente, no último ano e em tudo o que se passou.
O que se perde vem com grande vontade de ser substituído para depois ser pensado que nem tudo tem substituição. Não é possível voltar atrás e percorrer um outro caminho para substituir o percorrido até então, apenas é possível virar à esquerda ou à direita e continuar.
Faz hoje um ano que a minha vida mudou, por isso, um ano depois: Parabéns vida!
Demora a absorver o mundo numa cabeça tão pequena mas se calhar tem a ver com a capacidade que cada um tem de o fazer... ou vontade, pois sabe-se que assim que é todo absorvido, é arrumado e deixado, e convencer a parte pensante disso... custa... muito!
A todos os que durante os vários últimos meses me disseram que sou uma pessoa nova e diferente (nunca uma se referindo, até então, que para pior) apenas digo que sou o mesmo. Com um outro par de óculos escuros apenas apreciado por mim, talvez, umas t-shirts mais alternativas, é certo e uma forma de ver o mundo e as pessoas que o habitam diferente, sem dúvida... mas o mesmo. À procura do mesmo e com vontade do mesmo, mas à procura do mesmo-mais e com mesmo-mais vontade.


A todos: Obrigado, gracias, teşekkürler, mulţumesc, merci, tack, grazie, danke, dziękuję, 고마워

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Contexto


Está a ser investigada a culpa do Contexto.
Foi levada a cabo uma minuciosa investigação na qual, o detective destacado para indagar os factos, interrogou todos os suspeitos possíveis e após recolha das provas recusou-se a prestar quaisquer declarações. Podemos afirmar que o sórdido caso está cada vez mais perto da resolução sendo mesmo possível, segundo apurámos, provar a inocência do analfabeto Contexto.
A defesa sustenta-se na falta de provas e na continuidade quotidiana levada a cabo pelo referido julgado e apelou ao juiz, aparentemente com sucesso, que tomasse em conta o espaço temporal passado até à acusação ter sido feita que não resultou em qualquer fuga ou tentativa de omitir factos.
Os advogados de acusação procuram agora passar o crime qualificado do referido Contexto para cúmplice mas através de confidências de fontes próximas seguras, podemos apurar que tudo poderá não passar de uma simples admoestação.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Apetites



Somos só nós que acordamos aos pulos? Serei eu o único que acorda a sorrir, a irritá-los?
Até eles se irritam logo pela manhã com tanta alegria peganhenta e insuportável!
Apetecia-me ter um descapotável e fazer mais 57Km até ao primeiro destino do dia. Espalhar a mais recente banda sonora a cada quilómetro e sorrir aos antipáticos.
Apetecia-me pensar menos para sorrir menos, para não ter medo de não sorrir mais.
Apetecia-me fazer alguém sorrir para sempre.
Apetecia-me ter uma caixa de CDs na cabeça cheia de Box Sets, Limited Remastered Editions e 25th Anniversary Rarities e não precisar de acessórios nas orelhas para os ouvir.
Apetecia-me tocar piano quando toco no ar ou tocar bateria quando lhe bato.
Apetecia-me ser móvel e apetecia-me, com um pensamento e um estalar de dedos, tornar quem eu quisesse móvel...
Apetecia-me conhecer o mundo antes de o já ter conhecido e apetecia-me, se nos deixarem, conhecer novos.
Apetecia-me viver num texto meu mas ter um braço de fora com uma caneta na mão.
Apetecia-me manter este sorriso mais tempo e apetecia-me contagiar alguém com ele.
Apetece-me um café.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

18 de Setembro


Estou renitente em anunciá-lo mas, o Outono está ai.
Parabéns! Não ao Outono, mas a todos os que parecem desejosos que ele chegue (Luxwoman ou LeCookSportif são dois dos últimos exemplos – e não, não são nomes de super-heróis).
Há quem acorde pela manhã e deseje logo, assim sem mais, que estivesse frio e desagradável. Estamos a falar de pessoas que acordam a horas que mais uns dias serão noites e, mesmo assim, antepõe toda a ausência de luz à média claridade da aurora.
Há outros que falam da luz e das Autumn Leaves em tons de red and gold, que por si só levam a uma vénia de concórdia e um inspirar/suspirar profundo (11 minutos e 41 segundos para ser mais preciso), mas quando acompanhado de um desejo, obviamente absurdo, de que o Outuno regresse rapidamente ou, pior, que o Verão acabe, só posso discordar inicialmente, e espernear e gritar depois: MAS VOCÊS ESTÃO LOUCOS!?
“...ando mais virado para o tweed do que para o cabedal.” responderam-me na maior das calmas, desarmando-me com tamanho despropósito.
Não consigo compreender a recente psicose de, para além destes dois também o meu actual meio envolvente, querer agarrar mantas para se meterem num sofá pregando a vinda do frio como algo de bom.
Estão assim com tanto calor !?!?
Não gostaram do Verão, foi !?!?
O verde é demasiado chato para vocês !?!?
Eu aqui a pensar que só queria não ter nada para fazer e uns trocos a mais na conta para me pisgar para o Brasil antes das primeiras chuvas e vocês.... enfim...

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Cansaço

Estou cansado!
Quem nunca se cansou e se queixou, que morra antes do ponto final!.
Há dias de 48h em menos de 24, que cansam tanto quem se queixa, como, ou mais, quem ouve. E já que não durmo, canso alguém, que também é possível cansar de ler. De caminho, morram os que nunca se queixaram das letras a dormir no branco!
Sinto-me no limite do razoavelmente sano e começo a perder as forças no controle da cabeça. Já nem falo, articulo. Se fecho os olhos durmo... mas não adormeço.
Confesso tudo!
Digo tudo o que quiserem! Chibo-me desde as minhas entranhas mais profundas! Não precisam de me torturar mais! Chega desta privação de sono absurda e vamos dormir. Sim?!
Ai oh pá, que estou tan cansado que já nem vejo.. nem ouço.. nem penso.. nem escrezzzzZZZ

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Diz o louco para o velho:

- Se viveu uma vida recente – onde o recente apenas está por não se lembrar do antes – em que o futuro, sob a forma de sonhos e planos, se desfez em névoa, como pode prosseguir viagem não os fazendo? Como pode forçar a criatividade a pensar no nevoeiro e não querer ver o que aí pode vir? É que na vida, nem tudo se rege pelas leis corporativas...
- Ah! É a sonhar que nos desiludimos, mas é a desilusão que nos faz mais altos...
- ...e com frio! Com vertigens e com medo e com todos os seus sinónimos agarrados.
- Pois então és mais louco do que te julgava! É-lo por não veres onde começa a razão... Diz-me lá, que com tamanha "devanice" só podes ser um dos dois: Poeta ou apaixonado?
- Qual é a diferença?

terça-feira, 15 de setembro de 2009

sabem uma coisa?


Existe uma necessidade mórbida e mesquinha do ser humano querer saber o saber não possuidor de conhecimento. É uma vontade quase incontrolável de procurar não só conhecer o que não é dele mas também o que não lhe diz respeito. No fundo um gosto pelo próximo sem altruísmo, mais antigo da humanidade e por isso sem novidade e que dificilmente alguma vez deixará de estar presente. Não deixa é de ir incomodando os ingénuos...
Aliado à criatividade humana, que na presença desta forma de conhecimento alheia, se parece desenvolver mais rápido que o Usain Bolt, temos realizações cinematográficas de uma imaginação que pega de estaca e se reproduz como coelhos, por isso, por não haver compreensão de que aquilo que é pode não o ser e o que é, mesmo não se sabendo, mas podendo ser, não interessa, e mesmo que interesse, a ninguém diz respeito, mesmo respeitando o pensamento interno mas rejeitando a sua exteriorização, vamos amuar.
...
...
...
...
Fim de amuo.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Fim do início?¿oicíni od miF


Começámos do fim para o início.
Invertidos, movimentando-nos inconsciente a nós próprios,
Para, sem consciência, caminharmos contrários ao resto do mundo.
Encontrámo-nos no mesmo sentido, comentando o outro,
O que não era o nosso,
quando tudo o resto seguia um caminho diferente.
Parámos atónicos e cheios de medo
A ver tudo e todos passarem ao contrário,
Chegando-nos a questionar se estaríamos a ir bem.
E, crescendo juntos na mesma direcção,
Fazendo uso do contexto e do mágico,
Pudemos caminhar ao contrário e pensar,
Por momentos,
Quem está ao contrário não somos nós...
São vocês!

sexta-feira, 11 de setembro de 2009



“Há um cansaço da inteligência abstracta, e é o mais horroroso dos cansaços. Não pesa como o cansaço do corpo, nem inquieta como o cansaço do conhecimento e da emoção. É um peso da consciência do mundo, um não poder respirar da alma.”
F.Pessoa

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A condição humana rege-se, entre outras coisas poucas, pela dificuldade e pela preguiça. Na dificuldade, pela satisfação no prazer desta, na preguiça pela preguiça em aceitar a dificuldade.
No primeiro vivemos insatisfeitos, em pólos distintos e visivelmente afastados do prazer mental, no segundo, vivemos simplesmente em preguiça.
Entre outras coisas poucas, a estes dois, não há fuga possível.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Não há honra no altruísmo e um filantropo não é mais que um cobarde infeliz em urgente necessidade de olhar para o próprio umbigo. A não compreensão disso não só não ajuda ao melhorar da situação dos homens, como piora a própria.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A honestidade não existe. O que existe é a cobardia e o egoísmo de cada um ao sentir a necessidade de ser honesto, mais do que com o próprio, com os outros.
É algo característico dos loucos, possuidores de uma honestidade minuciosa e que mais ninguém consegue descortinar o significado, sabendo apenas que, na política e no amor, ser honesto, é ser parvo.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Não há segundas oportunidades excepto para o remorso pois há prisões piores que palavras.

“O remorso é a única dor da alma, que nem a reflexão nem o tempo atenuam”
Madame de Stael

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Problemas do botão da barriga

Alheios a tudo e a todos, embrenhados em filtros pessoais de indole egoísta, absortos no nosso próprio botão da barriga, que aparentemente ainda é novidade aos sentidos mal treinados a sentir seja o que for para além de bolas de cotão, pelos encravados e outros quase púbicos, mantemo-nos em nós e para nós, sem qualquer percepção dos filtros que outros instalam sem grande esforço e fraca vontade de funcionarem e, por isso, mal escondidos por máscaras desprovidas de vontade. Tornarmo-nos meros observadores de canto do olho, sem retenção de memória na fonte e com veleidade no interesse dos outros.
Não há qualquer empenho em descurtinar o óbvio, porque o óbvio, obviamente dá trabalho. Dá trabalho ver, cansa ouvir e qualquer algo mais do que um ‘pois’ ou ‘humm humm’ são de extrema fatiga para um botão da barriga que já tem a sua própria agenda problemática.

Vou assentindo ao mesmo ritmo falso com que ouço cada uma destas palavras, mantendo as juras de há muito nada fazer para as ouvir. Faço antes caixas para quem as profere.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Monopoly City

Pasmem-se almas crescidas e conhecedoras dos outrora serões nobres e educativos dos jogos de tabuleiro: O Monopólio tem novas regras!
O ex-Monopoly está velho, agastado pelas PSP’s e é demasiado singelo para as Wii’s.
- Filho, que queres: um comando para a Wii ou um Monopólio?
- Mónoquê?
Sejamos realistas, o preço do jogo e do comando é o mesmo e, apesar de o Monopólio dar para 6 jogadores em simultâneo, com uma consola podemos jogar sozinhos e todos sabemos que, nos dias que correm, uma má companhia pode ser a desgraça de qualquer criança/adolescente/adulto/idoso (sim, um idoso não é um adulto). Além disso, quem é que na sociedade moderna actual, tem tempo de passar 10h a jogar o mesmo jogo correndo o risco de, em vez de se distrair no ATL, estar a ter um inconsciente curso em como se tornar um José Vale e Azevedo? (o mau – que também há um que é bom)
Em frente. O novo Monopólio está à venda a partir de ontem, em português de Portugal e em Portugal, sem a Rua Augusta (que não foi substituída pelo Parque das Nações) nem a Estação de São Bento (que também não foi substituída pela linha de Metro do Parque) mas com as cidades do mundo (exceto Lisboa que Cape Town é mais importante). Terá edifícios no centro do tabuleiro a formar uma cidade 3D a rivalizar com qualquer motor gráfico actual, onde será possível construir logo a partir da primeira jogada (lá se vão as 10h de jogo). Entre outras modificações, de forma a acompanhar a mudança dos tempos, deixa de haver prisão e passa-se a estar em casa com uma pulseira. De entre os diversos cartões sorte, haverá deles que dizem, “Foi acusado de pedofilia, vá para a prisão, vá directamente sem passar pela casa da partida ou pague 20M para receber um termo de identidade e residência”. Ao segundo recebe-se uma pulseira electrónica e ao terceiro temos a hipótese de contratar os advogados Ricardo Fernandes e Serra Lopes com a oferta do João Nabais por 40M.
Nos cartões caixa da comunidade, o segundo prémio no concurso de beleza foi substituído por, ‘tem uma depressão, vá para casa curá-la, passe pela casa de partida e receba a dobrar em ajudas de custo’ e o cartão ‘Receba de juros do seu empréstimo de 7%’ substituído por ‘A sua conta no Lehman Brothers foi fechada – Game Over’.
Finalmente, acompanhando a exigência das actuais provas de matemática no diversos sectores do ensino, será facultada uma máquina de calcular que acumula funções com leitor de cartões de crédito, uma vez que fazer contas à mão (ou de cabeça – blasfémia!) está ultrapassado e levar o indicador à boca para folhear aquele masso grosso de notas (eu costumava ganhar) é expressamente proibido nas normas do ministério da saúde de prevenção à Gripe A.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Confusão

Vamos fingir quem somos, fingir o que somos e viver na remota esperança de nunca perpetuar a descoberta.
Vamos rapidamente fugir numa qualquer direcção e esperar, cegos, que nunca nos atinja. Vamos ser cobardes, conscientes.
Vamos seguir em frente, aos círculos, a olhar para o centro, e quando tontos e cansados, vamos inverter o sentido e fazer o mesmo ao contrário.
Vamos fechar os olhos ao óbvio e piscar o olho a um camaleão. Vamos-nos misturar onde não pertencemos, disfarçados, e depois de fingir, vamos ser quem não somos.
Vamos dormir de olhos abertos para não sonhar e viver de olhos fechados para não acordar.
Vamos fugir da estabilidade, da paz e do branco. Vamos deixar de ser sinceros. Vamos ser falsos e desagradáveis.
Vamos fingir fugir ser seguir fazer fechar misturar dormir deixar mentir!
Vamos continuar a mentir a nós próprios e vamos alimentar a confusão.

terça-feira, 1 de setembro de 2009


A culpa é tua!
A culpa é tua que não me das escolhas, que me limitas e me sufocas! És tu, vício bom, que me seduzes, apaixonante e perfumada num cheiro que só eu distingo de olhos fechados e linda sem ser preciso ver-te. És tu, letrada em tudo menos no amor, que imediatamente a seguir a me encantares me desprezas sem pudor!
Deixas-me amargo de repulsa e fazes-me querer fugir. Fazes-me arrepender sempre que te digo que te quero tanto como o Verão e o Inverno: Lentamente, aos poucos de cada vez, uma vez de cada vez... Quero-te só minha e para mim, sem mais ninguém, nem pouco mais que mais nada, só nós os dois, com o mundo ao longe e o rio.
Quero-te nua e virgem só para te ver pura.
Quero-te na torre e na quinta, nos jardins e na baixa, quero-te livre para me livrares de ti, culpada e julgada por mim sem direito a mais nada.
Foge ou eu expulso-te! Ou então vou eu!... escolhe tu, mas quero-te longe!
E a culpa é tua, oh Cidade!