quinta-feira, 24 de setembro de 2009

24/09/2008




Parabéns vida!
Ao estilo de um qualquer retrato surrealista, podemos pintar a vida como uma série de encruzilhadas e caminhos onde se destaca apenas um... a negrito. Uma espécie de puzzle labiríntico numa qualquer sopa de letras barata mas com a diferença de não haver apenas um caminho certo até à meta e, já agora, sem uma meta definida porque nunca sabemos para o que vamos...
Se me dissessem, dois anos no passado como iria ser o ano seguinte, acreditaria sem grandes dúvidas em tudo e com um sorriso. Há 3, igualmente, mas mais do que isso, assim de repente, começam-me a falhar pormenores. Há 1, rir-me-ia do absurdo e diria de sobrolho esquerdo levantado que com toda a certeza não iria ser assim, que não só não seria possível, como faria questão de pessoalmente provar de que tal energúmidade não se passaria.
Faz hoje um ano que fiz um traço com um marcador grosso preto num caminho e escolhi, ao acaso, com um perfeito desconhecimento que julgava não possuir da pequena meta intermediária, o caminho até aqui.
Uma escolha sem pensar (muito) é uma escolha fácil e uma conclusão prévia mas com conhecimento de causa é sempre fácil de criticar, por isso, nestas condições, de nada serve analisar nada. Foi uma curva repentina, em forma traço preto carregado numa qualquer encruzilhada, que passou rapidamente a uma longa recta.
A dificuldade das escolhas que fazemos na vida residem precisamente no desconhecimento do rumo que levaremos após as tomar e como já escrevi anteriormente, certamente parafraseando alguém, ignorância é uma bênção. Mas é tão fácil sermos ignorantes. É só fechar os olhos e resignarmo-nos, por isso, após cada escolha difícil ou a cada acatar de consequência de uma escolha, vem uma vontade extrema de fechar os olhos e ser ignorante.
Depois vem a experiência inevitável que se ganha por qualquer escolha e a sua relação é directamente proporcional entre o nível de experiência e a dificuldade da escolha tomada.
E aqui estou eu, passado um ano, a pensar na maravilhosa vida que tive até então, de cabeça ultra populada de pensamentos que bloqueiam o coração musculado de tanta arritmia cavalgante e, principalmente, no último ano e em tudo o que se passou.
O que se perde vem com grande vontade de ser substituído para depois ser pensado que nem tudo tem substituição. Não é possível voltar atrás e percorrer um outro caminho para substituir o percorrido até então, apenas é possível virar à esquerda ou à direita e continuar.
Faz hoje um ano que a minha vida mudou, por isso, um ano depois: Parabéns vida!
Demora a absorver o mundo numa cabeça tão pequena mas se calhar tem a ver com a capacidade que cada um tem de o fazer... ou vontade, pois sabe-se que assim que é todo absorvido, é arrumado e deixado, e convencer a parte pensante disso... custa... muito!
A todos os que durante os vários últimos meses me disseram que sou uma pessoa nova e diferente (nunca uma se referindo, até então, que para pior) apenas digo que sou o mesmo. Com um outro par de óculos escuros apenas apreciado por mim, talvez, umas t-shirts mais alternativas, é certo e uma forma de ver o mundo e as pessoas que o habitam diferente, sem dúvida... mas o mesmo. À procura do mesmo e com vontade do mesmo, mas à procura do mesmo-mais e com mesmo-mais vontade.


A todos: Obrigado, gracias, teşekkürler, mulţumesc, merci, tack, grazie, danke, dziękuję, 고마워

7 comentários:

Julián Martínez disse...

(Y)

João disse...

¿Cuándo nos reunimos de nuevo?

has reconocido la foto ?

Metro Politechnica :D

guille disse...

para mim, faz hoje 2 anos...
Eu digo que mudei mesmo, há 2anos a minha noção de mundo, de vida, era sem dúvida mt precoce ou quase inexistente. Hoje sou um mero jovem deambulando pelas "ulica's" (ruas em polaco para quem não saiba) deste pequeno mundo, onde em cada canto consigo encontrar algo que me recorde o tal Ano e tentando conseguir sentir de alguma forma algo parecido às experiências e aventuras vividas Naquele Ano...
Obrigado Erasmo.

Mas, 'happiness is only real when shared...'

Parabéns Vida!!

JLopes disse...

Eu digo-o: estás pior do que há um ano!

Como se traduz "a felicidade só é verdadeira quando partilhada..." em euskera?

Faz hoje 2 anos que me pus num avião da centralwings com o joelho cozido!

Lucho disse...

Faz hoje um ano...
Faz hoje 365 dias que o mais pequeno (em tamanho) da comitiva lusa rumo à Polónia era o mais carregadinho em bagagens, que todos juntos pagámos cerca de 20 kgs de peso extra em Lisboa, que em Luton já não pagámos peso extra (magia), que demos a conhecer os bolos de bacalhau portugueses a um casal idoso inglês, que o membro com mais cabelo da comitiva, enquanto averiguavam o seu portátil, foi "rotulado" de terrorista, que não sabíamos debaixo de que tecto iríamos dormir essa noite, que outro membro deixou os seus óculos de sol no avião da Easyjet. A minha bagagem ia carregada de sonhos, ansiedade e expectativas criadas por boatos que se ouviam sobre esse tal de Erasmus. O que ele me mostrou foi uma "nova" vida, um fantástico Mundo que é uma autêntica "Biedronka de Deus" e que é possível sentirmo-nos mais vivos em 6 meses que nos 23 anos passados até então! Talvez eu tenha mudado muito, talvez pouco, talvez nada mesmo, mas nada mudará esse inesquecível período de vida. Obrigado (em vários dialectos) a todos que contribuíram e estiveram presentes naquela aventura!!

Parabéns Vida!!

João disse...

JLopes:

Deve ser por isso que, agora, me adoras...
Mesmo passando sem o teu amor lateral (do lado esquerdo para ser mais preciso) incondicional e quase diário, faltava-me ter ficado pior para isso, parece-me...

Mas deixa estar que tu também nunca mais foste o mesmo... pelo menos do joelho que o resto é o mesmo de parbo pa cima.
bumba!


Lucho:

*sniff*
Faz hoje... talvez muito... a todos!
*fin de sniff*
"djinkuié barsóbia !!"

M. disse...

No dia seguinte partiria eu!

Não faz ainda um ano que fui ao supermercado com o Lucho, nem faz ainda um ano que comecei a dar "mais" oportunidades sonoras aos teus comentários, nem vice versa, nem que começámos a alimentar o vício das traduções word by word, de aderir aos bifinhos com cogumelos, nem aos crepes com "cremy", nunca menesprezando esse talento para adquirir piwos, nem essa aptidão e compulsividade em fazer parvoíces.

Ainda não faz um ano.
Mas tenho saudades.