sexta-feira, 29 de maio de 2009

A Beleza numa palavra

O feio, por ser feio, é inimaginável. Não nos conseguimos recordar o quão feio é algo, mas, muitas vezes, por ser feio, conseguimo-lo descrever pormenorizadamente, para depois, mesmo com tamanha descrição, por ser feio, não o conseguir imaginar.
Já a Beleza é constantemente requerida pela nossa mente. A Beleza é desejada de ser imaginada e, mesmo quando não o é conseguido por imagens, basta uma palavra, não para imaginar a Beleza, mas para a sentir confortavelmente na nossa mente. Basta-a dizer, em silêncio, na nossa mente, e temos a Beleza dentro de nós.
O feio é-o, ponto. Fica feio até que digamos o contrário, até que o reavaliemos e façamos uma nova definição de feio, embora sabendo sempre que, feio é feio.
Já a Beleza está sempre em aperfeiçoamento não existindo apenas um tipo. É que a Beleza, ao contrário do feio, possui graus em constante reavaliação, sendo que apenas evoluem e nunca regridem.
Resolvemos reavaliar os nossos.
E temos uma nova máxima de Beleza... O feio, continua com a categoria única, com todos os outros feios, sem distinção, arrumados e sossegados, enquanto que a Beleza, dividida em várias belezas, atormenta-nos com a constante exigência da nossa mente, de imagens da mais recente categoria máxima.
Apesar de sermos imaginativos, de ter amigos imaginários, de imaginarmos, de imaginar, não o somos por imagens. Por palavras, por vezes, talvez, e, talvez por isso, vamos alimentando a nossa mente exigente, faminta de imagens da mais recente categoria máxima, pela única palavra a que agora corresponde…

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Puff!

Hoje acordámos painel solar. Acordámos a combinação de várias células foto voltaicas ligadas a um gerador descarregado. Acordámos a perceber os pássaros e os insectos, acordei com o sussurrar das árvores a imitar a minha mãe de quando tinha ainda menos anos, a acordar-me, baixinho, a sussurrar, para me levantar, e me ir carregar.
A vantagem de sermos um objecto inanimado é precisamente ser reconhecido como tal pela natureza. Os pássaros pousam sem medo, os insectos pousam sem picar, as árvores falam sem receio que descubram que falam, os pássaros falam sem receio que descubram que falam, os insectos falam sem receio que descubram que falam, a natureza fala sem receio que descubram que fala, o céu é ainda mais azul e o sol ainda dorme para nós.
E, lentamente, com o sol a dormir connosco e a conversarmos com a natureza, baixinho para não acordar o sol, carregamo-nos. Carregamo-nos, carregamo-nos, não reparamos que ganhamos raízes, carregamo-nos, continuamos a carregar já carregados e não reparamos que não somos mais um painel solar. Somos uma espiga de milho. Puff! Virei pipoca!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Um homem cometeu um crime!


Apaixonou-se por uma cabeça, disse-nos. Enquanto todos à volta se desapaixonam, perdem o interesse pelo amor, criticam-no e o acusam, ele descobriu-o. Disse-nos que o tinha descoberto, por se ter enamorado por um cabeça.
Por uma cabeça e tudo o que ela traz agarrada, comentámos nós.
Não, não. Esta cabeça não tem mais nada. Esta cabeça pensa em tudo mas não tem mais nada. Esta cabeça, lá dentro, tem uma mente por descobrir…
E foi esse o crime que ele cometeu, ele descobriu a mente, escondida dentro da cabeça perfeita que conheceu. Ele vê a mente onde existe a cabeça e, por isso, cometeu um crime.
Desabafou-o connosco antes de fugir, assustado, por ter cometido um crime que ele próprio não compreende, que, suspeita, ninguém ousou nunca cometer: descobrir uma mente dentro de uma cabeça linda e perfeita.
E fugiu. Ou pelo menos quer fugir. Fugir, declarando-se culpado, sem nunca negar os factos mas tristemente sem nos revelar a identidade da cabeça ou nos falar da mente que o assustou. E fugiu. Fugiu em pânico, espalhando o pânico entre nós. É que, afinal, é possível alguém apaixonar-se por uma cabeça. Será possível fazê-lo sem cometer um crime?

terça-feira, 26 de maio de 2009

I had a dream

Ambicionamos o impossível!
Não há impossíveis!, cremos. E assim como, para nós, não existe a palavra nunca, também não existem impossíveis. Mas, nesta matéria pelo menos, tudo parece ser sempre impossível.
Impossível de existir, impossível de acontecer, mas tudo menos impossível de imaginar.
Porque é que não nos basta a realidade para nos satisfazer, porque haveremos de arriscar, imaginando o impossível, e pondo em causa o futuro?
Se não o escrevesse, se calhar, não o poria… apenas perder-se-ia no imaginário. Mas de que vale mantê-lo escondido provocando um desabar de dúvidas ainda piores do que uma imaginação, um pensamento ou um conjunto de pensamentos que, separados, podem ser inofensivamente perigosos, mas que juntos matam? De que vale pensar, querer acreditar para depois perder tudo no imaginário? Como sempre, ninguém percebe nada. Ainda bem... assim temos o futuro garantido. Pelo menos por enquanto.
Tinha saudades de imaginação nocturna que, embora seja completamente dominada pelo subconsciente, desordenada, confusa e imprevisível, é deliciosamente rica. Tínhamos saudades de, conscientemente, sonhar.
Tinha saudades de sonhar com o impossível, de acordar e continuar deitado, sem tempo, sem pressa, e, sem tempo mas com pressa, reconstruir o sonho que se apaga apressadamente da memória. De, a pouco e pouco, no escuro cada vez mais iluminado pelas ideias e pela luz, reconstruir a agitada noite sonhada, só para me aperceber, com eles ainda a dormir, que o que sonhei é impossível.
Infelizmente foi um sonho…

segunda-feira, 25 de maio de 2009

A Cegonha da minha vida



Apaixonei-me por uma cegonha.
O meu dia é olhar para uma cegonha. O meu dia é admirá-la, observá-la e crescentemente, cada dia, apaixonar-me mais e mais por ela. Espero que nunca voe porque eu estarei sempre aqui, a observá-la, deste lado, cada dia mais e mais apaixonado e sei que, também ela, está apaixonada por mim.
Não me interessam os outros cegonhos, nem as suas tentativas de me fazer ciúmes. Não me interessam porque eu sei que é a cegonha da minha vida e mesmo não podendo, como os outros, voar até aquele ninho, para mim é-o e sei que basta olharmo-nos mutuamente para, ambos, compreendermos isso. Aquele poste, aquele ninho, aquela paisagem e ela. A singela cegonha, branca, elegante, com um porte invejável e um bico aristocrático, que regularmente pode ser confundido por falta de humildade, acalma-me. Acalma-me mas ao mesmo tempo desperta em mim uma agitação fora do normal. Uma ansiedade e uma arritmia incontrolável que me aumenta a respiração e quase me incomoda. Quase, não fosse eu gostar tanto da minha cegonha.
Para mim é minha porque está sempre ali. Está sempre aqui. Apaixonei-me por uma cegonha que já tem ninho e já tem companhia, mas tem a esperança que eu voe até ela, como eu tenho a esperança que ela voe até mim.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Srª taróloga amiga:

Um dia ainda vamos dominar os astros. Sem magia nenhuma nem qualquer poder fantástico e galacticamente extraordinário.
Um dia vamos conseguir perceber os signos só para o caso de, se morrermos subitamente, não o ser de forma perfeitamente ignorante.
Desarmam-me sempre com a pergunta, a meio de uma conversa, qual é o teu signo? A conversa até pode estar a ser interessante, esta pessoa até é agradável de trocar meia dúzia de frases, trocam-se uns sorrisos e partilham-se umas gargalhadas. E de repente, qual é o teu signo? Já fomos!
Capricórnio.
Hummm.
Que é a pior resposta que podemos ter. Isso é bom? É mau? E agora? Pronto então, se calhar vamos andando.
Com tanto amigo imaginário posso muito bem ter o signo que quiserem. E com algum esforço, até podemos arranjar combinações de todos os signos com os vários ascendentes. A, qual é o teu signo?, decidimos começar a responder, qual é signo que mais gostas? Que engraçado, sou esse.
Já não basta tentarem condicionar o dia com, o seu dia será branco e preto, alegre e triste e de dia fará sol para à noite estar um pouco mais escuro, agora também condicionam a profissão:

“Bla bla bla. O Capricorniano desempenhará bem as seguintes funções: agricultor, alpinista, antropólogo, comerciante, dentista, dermatologista, flautista, funcionário público, geólogo, gerente, inventor, ortopedista, pastor, pescador, político ou reumatologista. Um abraço da sua taróloga amiga,”

(As desculpas que se encontram para não começar a trabalhar logo de manhã. Ler o signo. Para nós é inédito e pelos vistos não passará disso. A menos que nos queiramos rir um pouco pela manhã)

Agricultor sempre foi uma veia que gostava de desenvolver, mas como as veias não se desenvolvem, só se entopem, fiquemos assim.
Alpinista já tentei, perdi as vertigens e voltei para terra. Next.
Antropólogo, criei um blog, desenvolvi múltiplas personalidades e estudo-as a elas e não aos homens. O homem é que precisa de nos estudar a nós, seres interessantes e objecto de futuros grandes estudos, na área da psicologia imaginária.
Comerciante, desde sempre, mas fica mais para hobby, pode ser?
Dentista, chegou a ser considerado mas a parte dos Capricórnios serem, “pessoas metódicas e sem medo de tarefas mais duras” deve ser para os que têm ascendente a gato.
Dermatologista, apesar da fantástica pele, constantemente hidratada, ler dentista.
Flautista ignoro o que seja mas se tiver alguma coisa a ver com flautas, tive 2 a música por não saber tocar flauta (todos os génios musicais o sabem, onde é que tinha a cabeça).
Funcionário público ninguém se livra, pelos menos da possibilidade. Taróloga amiga: Un point.
Geólogo foi o primeiro curso, por isso, claramente está arrumado e catalogado como, erro grave!
Inventor, de teorias, amigos e legos.
Ortopedista não vai dar, os meus joelhos, tornozelos, pulsos e coluna não deixam. Ou então, ler dentista.
Pastor e pescador será tido em conta de forma muito ponderada. Com a inevitável recessão económica mundial, no panorama de uma economia estagnante, e sem perspectivas futuras de qualquer evolução, parece-nos que uma profissão auto-suficiente em alimentação e o êxodo rural poderá ser a solução. Ou não.
Político está posto de parte. Somos demasiado boas pessoas.
Reumatologista não nos deixam porque não acreditamos na fibromialgia.
Felizmente, o engenheiro é tudo isto e muito mais, por isso, não necessitamos de nos preocupar.

Srª taróloga amiga, agradeço e retribuo o abraço. Forte e apertado, à homem.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Puro sangue Lusitano

A nossa vida seria tão mais fácil se olhássemos para os animais e tirássemos algumas conclusões das suas vidas. Os cavalos por exemplo. Os puro sangue. Os campeões medalhados, criados e seleccionados, geração após geração de aperfeiçoamento da raça. O garanhão mais requisitado é aquele que foi melhorado após anos de casamentos com éguas saudáveis, também elas seleccionadas, que rapidamente se tornam prenhas.
O que é que isso tem a ver com a raça humana?
Nada.
O que é que tem a ver connosco?
Bastante.
Para a seguinte explicação gostaria que fosse eliminada do vocabulário português as palavras ego, modéstia, vaidade, simplicidade, todos os sinónimos com estas relacionados e ainda agradecer aos meus pais por este aperfeiçoamento fantástico. Já agora eliminar também a palavra prenha.
Actual estado de saúde: Perfeito.
Número de doenças, excluindo gripes e constipações: Zero.
Médico de família: Desconhecido (nunca entrámos sequer num centro de saúde).
Dentes: Brancos, brancos, brancos e praticamente brancos.
Crinas: Umas lisas, brilhantes, densas e sedosas crinas pretas.
Corrida: Bosingwa.
Saltamos vários obstáculos, por vezes em simultâneo e não necessitamos de sela.
Os olhos são ligeiramente nada oblíquos, com uma expressão viva, determinada e por vezes jocosa. O peito é profundamente mais ou menos saído para fora e o costado mediamente bem desenvolvido. As espáduas são longas curtas (e também curtas longas) e a garupa, segundo já nos disseram, até é jeitosa.
Pensem nisso. O nosso número de telefone é... dispensável, basta assobiar, como com o Tornado ou o Silver.
Vamos indo cavalgando, pocopó...pocopó...pocopó... rsrsrsrsrs, Liiiiiiii!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Draw me a line

Há uma linha no chão. Um limite, uma fronteira invisível e imaginária, mas real. Passa-la e voas. Passa-la, a gravidade desaparece, uma mão desce do céu e leva-te a passear. A voar! - Diz um de nós.
Há um amuleto pendurado em cada porta e em cada janela. Nenhuma mão pode entrar e levar-te a passear, a voar!, tens que ser tu, consciente e decidido, a passar a linha - Diz outro.
Há todo um vasto conjunto de inumeráveis e elaboradas regras, duas, que regulam tudo isto de forma estrita. Existe a linha. Só tu a podes atravessar e se fores empurrado a mão põe-te de volta para cá da fronteira - Comenta um terceiro.
Não vejo a linha mas sei que ela existe. Sei-o porque me dizem e eu acredito sempre no que eles me dizem.
Há dias em que a trela não chega à linha por isso ficamos apenas a comentá-la, a tentar observá-la, imaginando como será depois de a atravessar. Olhamos para o limite, para a fronteira invisível e imaginária, corremos até ela, mas a corrente estica. E sufocamos. Esticamos a corrente e sufocamos, sufocamos com o esforço de a tentar atravessar, mas esticamos à mesma e esticamos até ficarmos tontos e nos faltar o oxigénio. E voltamos para trás, para afrouxar a coleira, recuperar folgo e voltar a tentar.
Um dia destes roo a corrente e passo a linha, aí, veremos como é voar no espaço, como é passear com uma mão dada no pescoço e simplesmente pairar.
Já falta pouco para o verão.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Singularmente ás escuras

Uma vez vimos um filme porque tinha marcado alguém. Tinha tido um significado especial para esse alguém e tinha feito esse alguém pensar. Vimo-lo porque não acreditámos, e porque queríamos provar, a nós próprios, de uma forma sádica, que nada nos marca, que somos fortes e intocáveis. Um pouco como a frase “homem que é homem”, mas no plural… e no imaginário.
Vimo-lo, não nos afectou, mas não o provámos. É óbvio que não ficou provado porque não há nada para provar. É das poucas coisas que é falso, só e apenas, pelo facto de ser masculino.
Não nos afectou mas fez-nos perceber, naquele instante, por coincidência, pelo alinhamento dos astros ou pela Sininho estar a passar nesse momento e ter espirrado um pouco de pó mágico (é mesmo uma fantasia e não uma metáfora para droga), que há certos acontecimentos que não fazem qualquer sentido às escuras. Acrescentamos: singularmente às escuras, para assim eliminar o sexo do pensamento como um acontecimento que faz, ou pode fazer, várias vezes, sentido... ás escuras.
É sempre difícil, para mim, escrever com tantos a falarem ao mesmo tempo, por isso, divago e peço desde já as nossas desculpas para o futuro.
Um acontecimento singularmente ás escuras, será algo equiparado a andar numa montanha russa de olhos fechados. Que não é um bom exemplo porque há quem não goste de montanhas russas e isso seria mais ou menos óbvio (o fechar dos olhos). Será então algo como, comer morangos sem paladar (toda a gente adora morangos!). Como chegar à Antárctida ás três da tarde em plena aurora boreal mas ser cego. Ouvir Keith Jarret ao vivo no seu melhor concerto para piano, sendo surdo. Poder voar mas só inconsciente. Andar de mão dada, com as suas mãos. Dar um abraço a si próprio. Beijar o lábio de cima com o de baixo.
Um acontecimento singular: Único. A solo. Solitário. Isolado. Escondido. Desamparado.
Ás escuras: Negro. Preto. Escuro. De olhos fechados. Surdo. Cego. Solitário.
Inicialmente pensámos que há certas coisas que não fazem sentido às escuras. Após reflexão, sabemos que não nada que faça sentido singularmente às escuras.
Encontrámos uma lanterna. Mas tem pilhas especiais. Vai dando luz e vai nos dando a mão. Só não dá é abraços…

segunda-feira, 18 de maio de 2009

RGB SEX

A vida é RGB (red green blue).
É o assim tão simplesmente. Um simples vermelho, um simples verde e um simples azul. Tudo o que advém daí é a conjugação do simples portanto, muito simplesmente, simples também.
-Mas a vida é tão complicada às vezes!
-Parece.
Temos uma teoria: A culpa é do planeta. Mas desta vez é uma teoria fundamentada na literatura. Está tudo explicado num qualquer livro de um qualquer autor que põe as coisas nestes termos: “Os homens são de Marte as mulheres são de Vénus”. E encontrámo-nos todos no planeta terra. Pelos vistos, segundo o autor, a coisa corria muito bem em Marte e em Vénus, separadamente, mas a vinda para a Terra deu asneira. É portanto esta atmosfera tramada que estraga a harmonia da coisa.
Os fatídicos domingos dão para isto. Ler livros em brasileiro. Até porque depois de o ler e finalmente conhecer completamente os homens de Marte e as mulheres de Vénus, chegámos a um conclusão: somos de Mercúrio.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Vou directo para o Inferno!

Meus senhores, minhas senhoras. Avó. Restante família...
Tenho em meu poder uma informação mais ou menos fidedigna: vou directo para o inferno!
Não sei bem porquê, mas vou, e nem os meus amigos imaginários que vão directos para o céu me safam. Como é uma coisa de almas, e sim, eles têm uma alma própria, a minha vai directa para o inferno juntamente com algumas deles (aqueles que escrevem melhorzinho... deus queira que haja lá Internet. ups! nome de deus em vão, já fui!) e outras vão para o céu.
Soube-o quando falei ontem com a minha avó e lhe contei sobre o 14 de Maio. Nesse preciso instante, em que ela me respondeu "costumo dizer, só não viu quem não quis ver" e eu olhei nos olhos dela, meio resignados meio desiludidos, é que eu percebi, vou directo para o inferno!
Uma eternidade de Verão!
Atenção que eu adoro o verão. Top 5 das melhores estações do ano. Mas verão sem ar condicionado, sem passeios à beira mar, sem banhos de mangueira e baleias brancas, sem caipirinhas, sem minis!!? Não estava bem nos meus planos. Muito menos durante uma eternidade. Não sei se estão a perceber, uma eternidade ainda é bastante tempo...
Uma eternidade de Verão!
Mas mais uma vez, por estranha obra do destino, ou outra força paralelamente idêntica, neste mesmo dia, no dia que soube que vou para o inferno, alguém, certamente por intervenção divina, convida-me para ir a pé até Fátima. Juro!
E foi neste momento que soube que tinha salvação. Foi neste momento que uma (outra) pobre alma perdida (toma lá que é para não pensares que és tudo de bom), uma marioneta orientada de forma divina, me fez um convite para me redimir e recuperar a minha alma (quase) perdida. E não é que estou a pensar aceitar?
Sim avó, leste bem, estou a pensar ir a pé até Fátima!
Claro que temos de introduzir umas quantas variáveis neste assunto, não poderá ser simplesmente 'ir a pé' sem mais nada.
E se beber a quantidade de café da intensidade que bebi hoje, então, acho que antes de chegar a Condeixa metade de metade do grupo corta para a auto estrada e a outra metade mais a metade de metade que falta, volta para trás (nó? metade de metade é 1/4 e metade mais metade de metade são 3/4). Não interessa porque eu tenho amigos na cabeça, com uma eloquência e um poder de conversação acima de qualquer um, sendo qualquer passeio tudo menos monótono e silencioso e, se efectivamente for, se realmente decidir ir e salvar a minha alma (quase) perdida, se puser pés à estrada e alma ao caminho então, nem que vá sozinho. Mas vamos!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

14 de Maio

Avó não leias isto e se leres não me bloqueies no messenger ou no facebook.
Como podemos nós escrever sobre o 13 de Maio a um 14.
Como podemos nós dizer mais do que a melhor história já alguma vez contada sobre o 13 e Maio: "Desconfio sempre de uma vidente que tem 20 dioptrias em cada olho, será que era Fátima? Será que era um candeeiro?"
Simples. Ninguém sabe (excepto nós) que a vossa senhora apareceu a 13 mas os irmãos pastores só contaram tudo no dia 14. Este dia ficou também marcado por ser o dia em que os 3 apanharam uma real carga de porrada por mentirem na verdadeira razão pela qual chegaram tarde a casa. Esse sim, um grande segredo, ainda por revelar. Para se vingarem e manterem a história fidedigna, segundo eles, nos próximos 4 meses, vossa senhora voltou a aparecer sempre aos dias 13 de cada mês, sendo o quinto mês aquele de que gostaríamos de falar.
O 13 de Outubro. Foi neste dia que os mesmos irmãos foram passear as ovelhas e apanhar cogumelos em Iria. Ora como celebração dos 5 meses da aparição da vossa senhora do rosário de Fátima, os 3, ficaram incumbidos de fazer a sopa da aldeia nequele dia. Penso que já estão todos a ver de que é que era a sopa. Sopa de cogumelos.
Consta que antes de chegarem à sobremesa, 50 mil pessoas (eram panelas muito grandes) ouviram "Eu sou a Rosário!" (que parece que era do Sameiro por isso é que tinha chegado mais tarde) "Onde é o santuário?" (segundo nos disseram a Rosário teve um acidente durante a viagem da qual escapou ilesa e, certamente lembrando-se do Santuário do Sameiro, perguntou onde era o santuário de forma a poder ir agradecer a vossa senhora).
Ora no final de uma tigela daquela sopa, 50 mil pessoas ouviram, não a Rosário a falar, mas um disco de prata fosca que rodava como uma bola de fogo. E esta é a verdadeira história da construção da parte central do santuário de Fátima.
Desculpa avó.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Sítio do amigo sem o imaginário

Nós sabemos de um sítio que mais ninguém sabe e poucos lá foram.
Um sítio vivo e peculiar, que eu próprio vi crescer e, nós, já lá estivemos. Um sítio onde o silêncio morava e as estações habitavam. Um sítio verde e castanho e azul e cinzento. Um sítio que eu vi nascer e um sítio que me viu crescer.
Foi um sítio que me fez mais feliz do que eu a ele e, se calhar por isso, tenho saudades dos tempos em que chorava, em silêncio, por ter de abandonar o meu sítio. Dos tempos em que não mandava como agora mando: pouco, mas o suficiente para lá poder ficar. Tenho saudades porque, eu e o sítio, já não nos vemos como dantes. Nós e o sítio, não é a mesma coisa...
É um sítio que viu o meu imaginário antes de eu próprio o imaginar. Sentiu as invasões imaginadas, os esconderijos secretos e as histórias fantásticas que contava às árvores, no topo delas e, acima de tudo, um sítio que me fez crescer, aos fins de semana.
Pouco a pouco, durante muitos poucos a pouco, e só aos fins de semana, eu crescia. Se calhar por isso não cresci muito, mas partilhámos o crescimento. Eu cresci verde e castanho e azul e cinzento, cresci sem frio do frio, seco da água da chuva e das poças, pela brisa e pelo vento no topo das árvores, onde contava histórias.
Em troca, este sítio cresceu mágico. Mais verde, mais castanho, mais azul e mais cinzento que qualquer outro. Com árvores sábias de histórias que a brisa e o vento contavam e que ouviam no topo das árvores. Também cada gota escutava uma breve gota de história, mas as poças, escutavam-na como se a elas lhes fosse contada.
E depois cresci demais. O sítio foi torturado, mutilado e amputado e ainda falamos em alguns fins de semana.
Mas já não o vemos.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Artistas convidados #3 e #4

Os meus amigos imaginários andam muito calados.
Sobram os de uma letra.

S- Já disse lá em casa que com esta vida ridícula vou ficar uma daquelas velhinhas que vive sozinha a ver os programas da Júlia Pinheiro, rodeada de gatos.
- A Júlia muda mas a parte dos gatos é importante e, geralmente, sobrevalorizada pela negativa. Fazem muita companhia. Detesto gatos!!
S- Só tenho cães mas, em minha casa, é impossível. Não podem ficar 24 fechados num apartamento.
- Num cenário idêntico ao teu, se me vir sozinho, cago para a Júlia e para os gatos e compro um cão... Faço-me de cego e vem para todo o lado comigo. Espera lá... 24 !?
S- 24.
- Como a série? Vinte e quatro!?
S- +5/6 da manhã de 2ª.

2h depois...

- O F. pai ?!! AhAhAhA
M- Não há-de faltar muito... Vamos ser tios!!!!
- Vai tu!!!!
M- ...
- Eu para tio é que não fico, nem que tenha que comprar um cão!
M- É sempre bom ter a experiência de ser tio, depois é tudo mais fácil. Até tratar dum cão!
- touché!

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Há tempo para tudo

Não não há. Não há é tempo para tudo.
Por isso, devemos ter a noção de que cada um foi feito para o que foi. Não achamos que cada um tenha uma vida predestinada, nem tão pouco acreditamos no destino, mas sim que cada um é feito para o que é.
Uns são feitos para não sair de onde nasceram, embora o possam. Mas voltam.
Uns são feitos para voar porque em terra já somos muitos e, lá em cima, podemos ser poucos, mas cada pássaro é demasiado raro para não valer pena lá estar. Têm é de ser feitos para voar.
Uns, foram feitos com calma, e, assim estarão, calmamente, a ver a calma passar.

Uns são feitos para trabalhar.
Uns são feitos para viajar.
Uns são feitos para correr,
saltar e respirar quando puder.
Uns são feitos para fazer rir,
mesmo que mais ninguém os faça sorrir.
Uns são feitos para ensinar,
embora poucos queiramos aprender.
Uns são feitos para ganhar,
para que haja quem seja feito para perder.
Uns são feitos para ajudar,
sem que ninguém os tenha ajudado
Uns são feitos para amar,
mesmo sem amor do outro lado.
Uns são feitos para sofrer,
sem ter feito nada para o merecer.
Uns são feitos para sonhar.
E outros foram feitos para dançar.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Kader Kuklacısı

(The puppeteer of fate)
We have a new imaginary friend. One that does not speak our language, yet again, understands us perfectly enough. One that is sufficiently powerful to brought up mystical things in our life. Things we cannot understand or explain and that happen every time we are close.
We lie. Physical proximity is not needed for indescribable things to happen, in fact, we just need to think about each other and a strange and overwhelming, but unseen power, takes place. A power that no longer startles us for its repetitiveness and that we started to respect, of so resigned we've became...
This is a force that we best describe, better yet, can only describe, as a string puppet on the invisible hands of fate. This puppeteer, on the other side of the string, just mocks us, laughs of us by making us close to separate us once more. By approaching its left hand with its right one and then, suddenly, to spread its arms wide open with a big and audible laugh.
AAhAAhAAhAA !!
And we lift our shoulders up, to let them fall again and we think, each of us in our language... whatever makes you happy... And then, to it, we simply say: we are friends never the less!

( In English, as I promised. * )

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Nunca porei um título de um post com a palavra nunca!

Não somos pessoas de listas, embora alguns de nós o sejam... listas claro! Somos demasiado voláteis e inconstantes para fazer uma lista de coisas que sabemos poder deixar de querer, mesmo antes de a acabar. No último item da lista, o primeiro já não faz sentido ou simplesmente já não apetece e, como qualquer ser expontâneó-volátil-ó-inconstante, também nós, não somos pessoas de andar a aperfeiçoar listas, por isso, simplesmente não somos pessoas de listas.
Mas somos pessoas de teorias. De teorias sobre tudo. Somos pessoas de, humm eu tenho uma teoria sobre isso! E geralmente está quase sempre certa ou muito perto da verdade, mesmo que ela não exista. Ela própria é uma teoria.
Além de teorias somos pessoas que procuram nunca dizer nunca.
Dificilmente. Quase impossível. Haverá pouca probabilidade de isso acontecer. Mas nunca, nunca dizemos.
Antes de termos uma teoria sobre a palavra nunca, dizia que nunca seria assim. Nunca serei assim, porque nunca estarei naquela situação e, mesmo que esteja, nunca serei assim. Tenho pena, se bem que temos uma teoria sobre ter pena, por isso, não temos pena mas sim, lamentamos quem é assim e faz as coisas assim, de quem se sujeita, de quem se rebaixa e de quem tem cara de madeira e, por isso mesmo, nunca serei assim! Que alívio.

Tenho uma teoria:
Se estabelecemos uma regra sobre um determinado acontecimento nosso, então, esta só se aplica depois de a estabelecermos. Ou seja, se gostamos de listas antes de sermos anti-listas, então as listas são permitidas, mas só o são antes de não o serem. Uma consequência surge de imediato. Isto possibilita um escape a todos os cara de madeira. Se o são antes de dizerem que nunca o serão então existe sempre esperança pois podem o ser até perceberem que nunca mais o serão...

Pena existir uma falha na nossa teoria. É que nunca usamos a palavra nunca.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Cartolas sem coelhos

A Alice, da Alice nos país das maravilhas, tinha uma toca por onde descia e um mundo fantástico acontecia. Um mundo mágico onde havia um coelho de cartola que falava, uma rainha de copas que mandava e um gato que eram dentes a sorrir.
Não nos chamamos alice mas temos algo parecido em comum. Não um coelho de cartola num mundo mágico, mas um mundo mágico dentro de uma cartola. Uma cartola mágica, mas sem coelhos. Mágica porque quando colocada, o mundo muda e o coelho somos agora nós que, juntamente com outros coelhos, não fazemos alices ficarem confusas ou fugirem de damas de copas, mas tentamos sim que se riam. Que também elas sejam, como o gato, dentes a sorrir. E conseguimos. Fazemos alices rirem!
As alices riem e nós, para descansar, jogamos ténis nos semáforos, até não podermos mais. E quando já não podemos mais terminamos o descanso e voltamos a fazer alices rir. Basta mergulhar a cartola debaixo de água dar umas braçadas controlando sempre a respiração ou invocar o dragão da cartola e as alices riem...
Se juntamente com a cartola mágica usarmos os óculos mágicos, então aí é difícil de distinguir os sonhos da realidade.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Fugas

Passatempo: Novos olhares sobre o mundo
Jornal: O Público, suplemento Fugas
Título: A nova Varsóvia


Ainda estamos em êxtase. Nem acreditamos, foi mesmo publicado...

sábado, 2 de maio de 2009

Está ai alguém?

Hoje acordei sem tempo nem espaço. Sem lugar físico ou outro qualquer. Estava simplesmente a acordar numa cama. Aliás, essa, era a única certeza que tinha, que estava numa cama. Nem tão pouco sabia, no escuro, se era a minha cama. Parecia a minha cama porque tinha as duas almofadas, a minha e a dele, o amigo de todos os amigos, mas não conseguia perceber onde estava.
Parecia lá estar tudo mas também parecia faltar qualquer coisa.
Fechei os olhos para me recordar como tinha ido ali parar, mas nada. Abri os olhos e via o mesmo. Nada. Onde estou? Que dia é hoje? Quantos anos tenho e o que é se passou na minha vida? Nada.
Nada não, pouco.
Calma... respira. E pouco a pouco, nada é pouco e pouco é alguma coisa para depois passar a muito. Muito!
Já sei qualquer coisa, já sei muito, agora só falta descobrir onde estou, que dia é hoje e quantos anos tenho.