quarta-feira, 29 de abril de 2009

Munda

Não vivemos num mundo. Vivemos numa munda.
Munda porque o mundo é claramente feminino. Apesar de coexistir com o mundo, a munda, é que prevalece em tudo. É a munda que se impõe por muito que nós não queiramos.
Claro que existe um mundo, e até um mundo dentro da munda, mas é um pedaço insignificante no todo de um Mundo.
Não há hipótese! Por muito que queiramos mostrar ou mesmo construir qualquer coisa, esta passará sempre, mais tarde ou mais cedo, por qualquer tipo de aprovação e portanto, só fará parte do mundo se também fizer parte da munda e, nesse caso, só faz com que o mundo não seja mais que uma munda.
Parece um pouco confuso mas é muito simples. É uma questão com a qual, nós, estamos perfeitamente resignados. Por muito que tentemos sugerir algo que, por exemplo, poderia agradar a mundos e mundas, apenas o vai agradar a todos se agradar a mundas. E ainda bem.
Podemos é discutir as percentagens. Munda nunca abaixo dos 60%, porque é impossível existir equilíbrio, nem o é permitido, tem de tender para qualquer um dos lados (e já sabemos qual é), e nunca acima dos 85% para bem da nossa saúde mental.
Por vezes temos o mundo, outras a mundo, ainda o munda mas no fundo a munda é que está por de trás de tudo. A língua inglesa, um pouco mais hábil, resolveu nem lhe dar género só por causa das coisas mas, também eles subliminarmente falam de mundas.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Encher chouriços literários

Os normais leitores de blogues têm aversão a textos compridos. Sabemo-lo primeiro, porque o sabemos e segundo, sabemos porque já nos disseram. E para o provar gostaríamos de saber quantas pessoas vão conseguir ler este post, do início ao fim, sem ler apenas a primeira frase, ficar curiosos com a segunda, motivados para ler a terceira, pois não são pessoas de desistir facilmente, e só depois passar não para a quarta mas para a última, e mesmo essa só se não for muito extensa. Nós bem sabemos que todos têm mais que fazer do que andar a ler blogues. Principalmente daqueles extensos e chatos… uma "poesiazinha", uma estrofe bem mandada, que dá para ler enquanto esperamos que a página do jornal desportivo carregue, ainda vá lá que não vá, agora textos enormes, manchas pretas rectangulares completamente preenchidas de letras que ferem a vista só de olhar, que nos fazem suspirar só de pensar, mas eu tenho que ler isto tudo? Não há um resumo? Se calhar vou só ler os comentários… Por especial favor vamos só fazer um parágrafo para descansar a vista:
Espero que não pensem que estamos a exagerar pois até já tive uma queixa muito precisa, não do modo de escrita, não do tema, do título ou da imagem, ainda nem sequer nos chamaram lamechas, sentimentalistas ou outras coisas que tais por escrever "babuzeiras" sentimentais, não, tive foi uma queixa e passo a citar: "faz mais parágrafos para n ficar uma mancha branca tão grande" ou ainda "sabes q a escrita na net tem um conjunto de regras: nomeadamente, frases curtas, parágrafos arejados, letra de tamanho considerável". Tudo bem que já foi há muito tempo mas a verdade é que entretanto já tivemos outras. Leste? Epá, não! Ainda dei uma vista de olhos mas era muito grande, tinha muito texto, por isso não me apeteceu, mas título parecia engraçado, já agora onde é que vais buscar as imagens? Uma coisa é certa, coragem e sinceridade não lhes falta. Mais outro parágrafo para prevenir o descolamento da retina:
Alguém leu tudo aquilo que o Camões escreveu? Nem eu… Muito grande. Ele ainda tentou por aquilo em pequenas frases de cada vez, carregando no enter várias vezes, mas depois entusiasmou-se e no final ficou não com um rectângulo de letras pretas mas com uma coluna (no fundo também ela rectangular) de letras pretas, mas bonitas. Mas não o suficiente. Além disso, quem somos nós para nos compararmos ao Camões, que escreve bem mas só tem um olho?
Ups! Agora foi sem avisar. Mais um só para ficar bonito visto de longe:
Queremos desde já avisar que se encontrarem erros, não de ortografia, que felizmente existe uma ajuda chamada corrector ortográfico, mas sim de estrutura frásica, é perfeitamente normal. Nunca temos paciência de ler mais do que uma vez (a primeira já conta) aquilo que escrevemos. Então se forem textos muito grandes, há de nós que nem os chegam a ler. Mais uma dioptria:
Se leste as três primeiras frases e estás à procura da última, estás no caminho certo, é esta que vem já a seguir: Ficarei chateado se alguém associar este título brilhante, embora completamente random, com o conteúdo genial deste texto e não ficarei surpreendido se alguém já o tiver feito, sabendo à partida o que é. Não? Bolas, tínhamos prometido que era a última frase, agora é que foi, ponto

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Mãe mãe mãe!! Eu hoje mudei O Mundo!

Um dia quisemos mudar O Mundo. Quisemo-lo com tanta força e vontade que acabámos por não mudar nada. Acabámos foi por nos perder e mudar tudo aquilo que não queríamos.
No fundo, se pararmos para pensar, mudámos o mundo mas mudámo-lo tanto que já não conseguimos viver nele por tão diferente que ficou. Mas só nesse.
Se o mundo é meu, porque é que não posso ser eu a mandar?!
Porque não podemos ser nós a mandar?!
Alguém tem um mundo que nos dê para o mudarmos novamente?
Agora estamos presos! Presos num mundo que não queremos e que não conseguimos sair nem mudar. Num mundo que agora, neste momento, já não sofre mudanças. Estagnado mas encaminhado. Encaminhado numa corrente desvairada que nos leva, apesar de remarmos no sentido contrário, ora com remos ora com braços ora com a cabeça, ora engolindo água e ficando sem forças ora vindo à tona ora indo ao fundo ora não sentindo corrente mas nem por isso nos conseguirmos mover, ora agarrando um tronco, para respirar, parar um pouco, recuperar, deixar-nos levar para onde não queremos e voltar a remar.

Mãe mãe mãe!! Eu hoje mudei O Mundo!
Foi filho!? Como?
Disse que o queria diferente e já está.
E quem vive nesse mundo?
Ninguém...
Então para que queres esse mundo?
Não sei… não tenho outro… Oh!! Oh mãe, não estás a perceber. Eu hoje mudei o mundo!!

Um dia dei por mim a querer mudar O Mundo mas quando o tentei, aquilo que mudei não foi O Mundo, foi O Meu Mundo. Agora tenho para aqui um pedaço de terra inútil que ninguém quer, nem mesmo eles, abandonada, perdida e inutilizável.
Aceita-se permuta.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Do deaf squizofrenic hear imaginary people?

Para nós, a amizade é imaginária.
Palavra curiosa, imaginária... Um adulto racional dir-nos ia que imaginária é uma coisa que não existe. Fruto da nossa imaginação. Que embora estranhamente derive de algo que existe, da imaginação, ela por si não existe.
Mesmo assim mantemos: A amizade é imaginária!
Porque é isso mesmo, algo que não existe. Está na nossa cabeça. E de vez em quando esquecemo-nos e outras vezes lembramo-nos e ainda outras já não nos lembramos por isso inventamos. Mas atenção, não a imaginamos, ela própria é que é imaginária. É-o antes de ser. Passa directamente ao estado final... imaginado.
Já os amigos não são imaginários. Longe disso.
E nós somos o quê?
Perdão mas vocês são a excepção à regra. Se bem que quem estabeleceu as regras fomos nós por isso, digo eu, esta regra só se aplica para os outros.
Não espero que percebam mas os amigos, ao contrário da amizade, não são imaginários, excepto os que o são mesmo.

hoje consegui (pela primeira vez?) baralhá-los a eles.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Hoje pedi o meu cão em casamento

Ficou de me dar uma resposta dentro em breve.
Estou farto de pessoas, estou farto de dar, estou farto de esperar, estou farto de ouvir parvoíces, estou farto de ignorância e acima de tudo estou, justificadamente farto disto tudo, porque estou farto.
Gosto muito do meu cão por isso quero viver com ele para sempre.
O meu cão gosta sempre de mim. Quando falo para ele não me canso e quando ele fala para mim é porque quer brincar. Ou então quer comer. Ou então quer passear a bexiga. Ou então apetece-lhe... Seja como fôr, não interessa porque eu e o meu cão damo-nos às mil maravilhas, por isso, hoje pedi-o em casamento. Espero que aceite.
Eu e o meu cão temos uma relação sexual activa. Ele lambe os genitais e depois lambe-me a cara...
Hoje pedi o meu cão em casamento mas depois lembrei-me que não tenho cão. Pelo menos um real, ainda assim, espero que aceite.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

O João tinha uma bola

Eu tinha uma bola. Tinha, porque já não a tenho.
Era a melhor bola do mundo e só eu é que a via. Era uma bola especial. Não tinha cor nem tinha marca, não era de couro nem era redonda. Era a melhor bola do mundo e acho que a perdi. Era daquelas que já não se fazem.
Uma vez a minha bola disse-me que eu era o melhor jogador do mundo e eu pensei, naquele momento, que a minha vida era perfeita. Só eu e a minha bola. A melhor bola do mundo na cabeça do melhor jogador do mundo.
E depois perdi a minha bola e a minha bola perdeu-me a mim.
Tenho saudades da minha bola...

terça-feira, 21 de abril de 2009

Os palhaços também choram?

É verdade!
A sério que é!
Nós sabemos porque hoje vimos um. E não era um palhaço triste, daqueles que por serem tristes podem chorar à vontade, não, era um palhaço alegre mas que chorava.
Aposto que ninguém sabe que os palhaços também choram.
Temos amigos palhaços e eles nunca estão tristes quanto mais chorar...
Os palhaços servem para fazer as crianças, e alguns adultos, a sorrir e há deles que até os conseguem fazer mesmo rir. E choram? Devemos ter visto mal. Se calhar era alguém disfarçado de palhaço. Devia ser isso!
Os palhaços não choram, fazem rir, por isso, era alguém disfarçado de palhaço a pensar que, se fosse um palhaço, também ele não choraria.
Por momentos assustámo-nos e quase que, por instantes, num acto irreflectido de loucura, íamos fazer figuras tristes e telefonar ao nosso amigo palhaço, pensando que, imagine-se lá, ele poderia estar triste.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Juro-o para ti

Jurei a mim próprio que nunca escreveria sobre ti.
Jurei a mim próprio que nunca escreveria sobre... coisas, que todos ao mesmo tempo compreendessem, por isso, vou escrevê-las incompreensíveis para os outros, para ti seria impossível.
Jurei a mim próprio que nunca escreveria sobre ti porque mais ninguém poderia ler sobre ti. Só nós. Por isso, jurámos guardar, para nós, as conversas em segredo de todos, e de ti.
Juro que um dia aprendo a passar a ferro só para te passar qualquer coisa.
Juro nunca mais plantar um pessegueiro e juro nunca mais ouvir Rui Veloso, mas não prometo.
Não prometo nunca mais escrever sobre ti, nem prometo nunca mais comer bolo de iogurte.
Prometemos sim, que não faremos ponto cruz mas ainda não sabemos se prometamos ou se juremos nunca mais ir a Tavira. O melhor é prometer porque isso, eu não juro.
Prometo que um dia te levo ao circo.
Não juro não tornar a comer melão mas juro que comerei, pelo menos, mais uma fartura.
Juro e prometo que passarei mais um fim de ano.
E releio tudo isto, faço figas, e juro-o novamente.
Juro-o!
E juro-o embora nunca tenha conseguido guardar promessas de mim próprio. Juro-o, para ti.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Então hoje está por aqui ?

Sabe bem voltar a casa no final do dia!
Presumo que saiba ainda melhor dar graças por ter uma casa, mas depois iria entrar pelo sabe ainda melhor estar vivo e por aí adiante, por isso, fiquemo-nos apenas por, sabe bem chegar a casa no final do dia!
Melhor do que voltar no fim do dia é irmos andando e voltarmos apenas quando apetece, mas talvez saiba bem apenas porque sentimos que existe uma casa há nossa espera, com pessoas lá dentro.

Para algumas pessoas mais ou menos nómadas como nós, existem pequenas coisas que nos indicam qual é a altura de mudar de sítio.
Quando a pessoa que nos serve o café todos os dias nos pergunta pela nossa Páscoa e partilha connosco a dela, quando certos funcionários de certos locais já desejam os bons dias, boas tardes ou boas noites, quando reparamos nas mudanças de turnos e dizemos então hoje está por aqui, quando somos dos primeiros a estacionar e dos últimos a sair ou quando ouvimos queixas da maria dos outros na casa dos outros então temos claramente razões para zarpar. É sinal de que estamos à um bocadinho tempo demais no mesmo sítio e portanto, se calhar, já era altura de sair daqui.
Até porque pior do que um povo nómada solitário, só mesmo um sedentário solitário.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

An Imaginary Life



"You can search, everywhere for answers.
Sometimes, is hard to ask the question.
I know I'm a figment of a small child's imagination, living an imaginary life.
And I'm OK with that. Really.
You see, these aren't the questions I need to ask.
These aren't the answers I need to know.

'Is... Andrew happy?' "


I will never leave you...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

NowyWarszawa - Cap4 - Crepes para terminar

Já o tinha falado antes com quem o acompanhava, mais uns dias e começaria a ser perigoso estar ali. Reforça esse pensamento com o aproximar do final do dia, do final da companhia, do final da viagem, do final das despedidas. Ao contrário da dele, esta despedida tinha tempo para tudo e embora não fosse a dele sentia que podia calmamente desfrutar dos últimos momentos com calma.
Com o aproximar da inevitável separação resolveram entrar numa casa laranja. Três crepes com chocolate e gelado de baunilha e um de banana e chocolate. Parecia ser a combinação perfeita para um qualquer até breve. Estava ali só para observar, saborear e certificar-se que ninguém ficava para trás. Foi sempre essa a sua missão pessoal e sempre o foi com um sorriso sincero estampado no rosto. Primeiro abraço e já é tarde demais, as raízes já estão na terra. Já tem raízes que não o deixam apenas saborear e observar e agora também ele precisa que não o deixem ficar para trás. Tarde de mais.
Restantes abraços e as raízes afundam-se ainda mais, há um mundo só deles em cada um, um mundo que se alheia de tudo à volta e esquece que existe mais do que aquele abraço e aperta mais forte. Abre os olhos por breves momentos e repara que naquela casa laranja já ninguém come, já ninguém fala nem ninguém desvia o olhar daquele cenário, ninguém faz sequer um esforço em disfarçar o olhar fixo neles. As caras que os observam já não mastigam, olham apenas admiradas.
Acabaram-se os abraços. Acabaram-se as despedida e ficam os crepes para terminar entre eles. A Narradora, como sempre no meio, instiga um último soluço, provocado por um último abraço e seca a fonte. Já está. Só faltava regressar.
Só faltava pegar em 70Kg de malas de regressar mas nem por isso queria teleportar-te para o destino. Queria saborear uma última vez a companhia e continuar sem dormir mais um dia e visitar mais um aeroporto e fazer novamente malas e visitar outro aeroporto e brincar ás discussões e falar já só sobre o efeito da cafeína até ser mandado calar e não dormir e regressar e despedir-se de forma banal para regressar como chegou. De comboio e com um sorriso na cara.


The village sleeps again.