quarta-feira, 1 de abril de 2009

NowyWarszawa - Cap4 - Crepes para terminar

Já o tinha falado antes com quem o acompanhava, mais uns dias e começaria a ser perigoso estar ali. Reforça esse pensamento com o aproximar do final do dia, do final da companhia, do final da viagem, do final das despedidas. Ao contrário da dele, esta despedida tinha tempo para tudo e embora não fosse a dele sentia que podia calmamente desfrutar dos últimos momentos com calma.
Com o aproximar da inevitável separação resolveram entrar numa casa laranja. Três crepes com chocolate e gelado de baunilha e um de banana e chocolate. Parecia ser a combinação perfeita para um qualquer até breve. Estava ali só para observar, saborear e certificar-se que ninguém ficava para trás. Foi sempre essa a sua missão pessoal e sempre o foi com um sorriso sincero estampado no rosto. Primeiro abraço e já é tarde demais, as raízes já estão na terra. Já tem raízes que não o deixam apenas saborear e observar e agora também ele precisa que não o deixem ficar para trás. Tarde de mais.
Restantes abraços e as raízes afundam-se ainda mais, há um mundo só deles em cada um, um mundo que se alheia de tudo à volta e esquece que existe mais do que aquele abraço e aperta mais forte. Abre os olhos por breves momentos e repara que naquela casa laranja já ninguém come, já ninguém fala nem ninguém desvia o olhar daquele cenário, ninguém faz sequer um esforço em disfarçar o olhar fixo neles. As caras que os observam já não mastigam, olham apenas admiradas.
Acabaram-se os abraços. Acabaram-se as despedida e ficam os crepes para terminar entre eles. A Narradora, como sempre no meio, instiga um último soluço, provocado por um último abraço e seca a fonte. Já está. Só faltava regressar.
Só faltava pegar em 70Kg de malas de regressar mas nem por isso queria teleportar-te para o destino. Queria saborear uma última vez a companhia e continuar sem dormir mais um dia e visitar mais um aeroporto e fazer novamente malas e visitar outro aeroporto e brincar ás discussões e falar já só sobre o efeito da cafeína até ser mandado calar e não dormir e regressar e despedir-se de forma banal para regressar como chegou. De comboio e com um sorriso na cara.


The village sleeps again.

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