terça-feira, 31 de março de 2009

NowyWarszawa - Cap3 - Poznań

Sai como chegou. Pela estação.
As dúvidas estão praticamente desfeitas assim como a sensação de precipitação. Sente-se bem porque sente que é realmente um post scriptum, uma conclusão que apesar de não ser necessária ali, era obrigatoriamente necessária. Mais uma vez, como em toda a viagem, sabe que aqui, continua a não estar sozinho.
Para eles as despedidas estão feitas, mas lembra-se que uma despedida é sempre uma despedida. Quando é uma que não se quer, aí, não interessa que seja por umas horas, semanas, meses ou muito menos anos, custa sempre e nesse momento, não há solução. Custa, ponto e a eles não estava a custar mais do que uma despedida normal.
Agora é a vez da Narradora interromper a narração e não ter palavras. As lágrimas já não são as dele, embora ainda lá estejam escondidas e é por isso mesmo e nesse instante, que sabe que atingiu o tempo máximo. O tempo máximo de voltar e voltar novamente. O tempo limite que uma árvore tem, para formar pequenas raízes num vaso e se pegar à terra.
Enquanto abria uma janela e observava, mais uma vez uma despedida, sentia as raízes a formarem-se. Sorria em frente para quem estava do outro lado. À sua direita olhava para A Narradora nos braços de um dos comboios que a veio buscar e ficava sério, engolia em seco e olhava novamente para fora da janela e sorria mais uma vez. Subitamente, pensou haver algo de estranho nesta despedida, algo o estava a inquietar mas tão depressa como o pensou deixou-o de pensar, simplesmente por não fazer sentido.
Duas horas e muito de caminho para recuperar folgo, secar lágrimas, falar falar falar, passar a risos e repetir tudo desde o primeiro falar, até chegar.
Novo destino: Poznań. Outro Wrocław mas a três. Completamente diferente, pensava. E ainda bem. Já está!
Mais uma estação, igual a muitas outras mas muito diferente. Mais calma, mais alegre, embora escura. Diferente e melhor, sentia.
Ao aproximarem-se da saída um grito. Chipirooooon! Claro! Afinal havia mesmo algo de estranho na despedida. As pessoas, faltavam pessoas. Mas já não faltam. Estão todas aqui e não consegue fazer mais, ou menos, do que sorrir, porque a verdade é que está contente. Congelou num sorriso mas podia ter congelado, como elas, num espanto. Um espanto por pensar se será mesmo verdade, embora o saiba que é, mas que não o é possível espantar.
Mudança de planos. Não haverá noite calma nem haverá descanso, ainda não. Não consegue deixar de pensar o quão fantásticas são as pessoas que conheceu e naquilo que acabaram de fazer.
Tram no sentido contrário. Bus no sentido certo. Baixa da cidade. Ah, By the way, Hostel. Mais uma noite em conjunto, mais uma despedida antes do dia, depois mais um dia e mais um sorriso de horas e mais horas em que as raízes estão perigosamente perto da terra. Por agora, não pensa nisso.

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