segunda-feira, 29 de junho de 2009

Elderly mine

Onde se ganha a experiência dos nossos anciões? Como ficaram os meus assim?
Cada vez mais me apercebo que, experiência, tem a ver com saber esperar. Tem a ver com respirar o tempo e mantê-lo, não o máximo tempo possível, mas o tempo que for preciso dentro de nós. Respirar normalmente, o tempo, e expirá-lo, transformado ou não, pelos nossos pulmões, pelo nosso corpo e por nós.
Sem nos apercebermos, não somos só nós que modificamos o tempo, o tempo, também nos modifica a nós e o que daí resulta pode ser surpreendente calmo, mas de uma forma energeticamente excitante. E mesmo que não o seja, aprendemos sempre qualquer coisa. E se for qualquer coisa má ou que simplesmente sabe mal, é respirar mais um pouco de tempo…
Falta-me muito para ancião, mas, pelo menos, posso ir tentando assimilar os seus poderes para ganhar nesgas de sabedoria, um a um, até o ser, mesmo que nunca o venha a ser.
Dizem que a impetuosidade é característico da juventude. Pois eu digo que é fruto da inexperiência. A impetuosidade não é viver um dia de cada vez, a impetuosidade é viver um dia de cada vez sem pensar no futuro. “Carpe diem” é uma utopia momentânea. É uma forma despreocupada, e por vezes egoísta, de não nos preocuparmos com o que nos rodeia.
Há ‘clicks’ na nossa vida (se não houve, pode vir a haver) que despertam vontades de viver intensamente, de deixar para trás tudo o que já foi vivido e, viver mais e melhor, sem nos preocuparmos com as consequências físicas ou psicológicas que poderão advir daí. A questão é que a vida não é assim tão simples. Não o é, nunca o foi nem alguma vez o será. Senão era fácil ser-se feliz ou pelo menos andar contente, bastava libertamo-nos de tudo e já estava…
Mas nem sempre o tempo está a nosso favor, nem sempre temos tempo para escolher e para pensar e, nesse caso, a necessidade de experiência é forçosamente necessária. Ou existe e é aplicada, ou não existe e vai ser formada, à força, nesse instante, pela decisão certa ou errada e por todas a consequências (de qualquer uma das decisões) que advenham dela. O importante é decidir em consciência com a nossa consciência.

Mas quem sou eu, que nem aspirante a ancião sou, para poder dizer, seja o que for, sobre clicks, carpe diems ou falar sobre respirar o tempo. Mal me aguento numa piscina de 50m quanto mais…

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Dr. Phill telefonou-me com dúvidas de matemática

Acabámos por ficar à conversa e a cortar fortemente na Oprah e na Tyra.
Quem é que nunca sentiu uma vontade súbita de mudar? De ser mais cool ou mais fashion ou mais in ou… whatever. De mudar por mudar para parecer por parecer.
Afinal, no final, ou antes, no início, o que conta é toda uma primeira aparência.
Quem não levaria um(a) modelo para a cama? Mas quem quer debater o contexto socioeconómico do país com um(a)? (para não ser rotulado de preconceituoso é de reparar que cada questão não está respondida, além disso, podemos com alguma segurança afirmar que, ninguém quer discutir a situação socioeconómica do país).
Uma boa aparência, a boca fechada e temos um oitavo de romance, também conhecido por pré-sexo (para os de letras e de direito, um oitavo é a oitava parte de um… É DIVIDIR UM POR 8!... e não, não dá um). A partir daqui, os 7/8 restantes são de segundas oportunidades para os primeiros 2/8 (vamos em 3/8), uma vez que o 1º oitavo despertou qualquer coisa, por isso, vamos lá ver no que isto dá, 3/8 para mentiras e linguagem corporal e os restantes 2/8 para a conversa (isto não é de mão beijada, se bem que estes 2/8 finais possam ser considerados bónus, e, portanto, saltados à frente em alguns casos).
Poderíamos dizer, antes do que vamos dizer a seguir, qualquer coisa como “modéstia à parte”… mas pensamos que, geralmente, essa, está nos primeiros 6/8 e não nos últimos. (ainda assim:) Modéstia à parte, os últimos 2/8 já cá cantam! Há que trabalhar os restantes.
Os 3/8, esqueçamos por um momento, enquanto ainda acreditamos que vale a pena ser assim.
Os 2/8 anteriores, é rezar, embora não me tenha servido de muito até agora, mas dizem que a fé é suposto ser assim.
O 1/8 inicial, que é no fundo o oitavo mais importante, é o que estamos apostados em conseguir.
Não querendo insistir na parte da modéstia, pensamos que este 1/8 está praticamente garantido. Faltam os óculos.
Por isso, decidimos ir a um(a) oftalmologista que nos receitasse qualquer coisa para este par de esferas visgarolhas, que mal conseguem focar, quanto mais ver ao longe ou ao perto durante 18h por dia, em frente a um monitor de 14’’, ou escrever textos destes em papeis com menos de meio palmo quadrado (folha de 5 dedos por 5 dedos = 25 dedos quadrados, ou, meio palmo quadrado), ás 2h23 da manhã.
Aceitamos sugestões, embora estejamos muito inclinados para uns Ray Ban Wayfarer de hastes de massa preta para o inverno e branca para o verão (para fazer contraste com o bronze, ou, por este andar, a ausência dele).
Resta saber se nos tornam mais cool’s... mais in’s… mais fashion’s… ou, whatever.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Murphy aplicado à minha vida

“Murphy é que sabe”. A frase mais aplicada cá em cima. ‘É que sabe’ porque o Murphy não está morto. Murphy vive e viverá para sempre, algures entre nós, fazendo perdurar as suas leis e aplicando-as, misticamente, entre os vivos.
Murphy é o maior sábio que alguma vez viveu e a verdade existe graças a ele. Murphy inventou a verdade e por isso, graças a ele, de forma indirecta, apareceu a mentira. Murphy é a verdade e a mentira, é a antítese da vida e o universo numa só pessoa. É o conhecimento e a ausência dela (conhecimento é feminino e, atento agora, feminino é masculino). Murphy é tudo aquilo que nunca pensamos e Murphy é aquilo que nunca pensámos.
Ele aplica-se a tudo e, portanto, aplica-se a todos.

Murphy aplicado à minha vida (em jeito de conversa entre nós os dois, que nos entendemos tão bem… não será uma conversa porque a esse guru nada tenho a dizer, apenas escutar e aprender):
Se tomares um café para a dor de cabeça ela passa. Se tomares dois ela volta.
No dia que precises de mais descanso e serenidade será o dia que estarás mais agitado e com mais pessoas à volta.
O único dia, da singular aparição mensal, que o Sr. Amândio resolve aparecer, será o dia que não dá jeito que ele apareça. – resposta a Murphy: O Sr. Amândio é gay.
O dia que decides mudar a tua vida, será o dia em que, o que decides mudar, muda antes de ti.
Tudo aquilo que desejares ser-te-á negado e todos os planos futuros infrutíferos.
O que parece ser atingível será difícil de atingir e o que parece impossível de atingir não só não farás nenhuma ideia de como o conseguir como te vai atormentar todos os dias até o conseguires... ou não.
Se te apetecer carne ao almoço, o almoço será peixe e não podes fazer nada contra isso.
No momento que precises de Internet esta não vai funcionar.
Quando beber café para acordares estarás desperto e quando estiveres a morrer já esgotaste o máximo de cafés que o teu corpo suporta num dia.
Quando bebes finos podias estar em casa a dormir mas quando precisas de um fino não o podes beber... porque não há, e porque não podes.

PS: Hoje regredi dois anos de idade física (na idade mental estou neste momento a aprender a escrever). Comi cerejas e, segundo a Srª Furúnculo tem antioxidantes mágicos e regeneradores… o equivalente a pó talco no rabinho mas para o corpo todo, por dentro e por fora.

PS2: I’m back. Resignado e expectante. Menos misterioso mas mais misterious, mas pelo menos bem disposto. Nonsense, faz-me um insensato e desequilibrado filho!

terça-feira, 23 de junho de 2009

Nie ma



Não pode ser… e o que não pode ser tem muita força. Tem mais ainda do que aquilo que pode ser.
O que não pode ser, pode-o, até que percebamos que não o pode ser.
O que não pode ser, começa por poder ser, para levar tempo a ser compreendido que não pode ser. O que não pode ser, pode nunca chegar a ser compreendido porque razão não o pode ser. O que não pode ser tem que ter um não a negrito, para que seja relembrado que não pode ser.
O que não pode ser ecoa constantemente, em surdina, em sussurro, muito baixinho, numa voz leve e tímida, que com medo pergunta, não pode ser porquê?
O que não pode ser, apetece mais que seja, mas, sabemos que não pode ser, e o que não pode ser tem muita força… mas pouca vontade.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Na roda




Round go round goes the merry-go-round, spinning around so we don't fall down. If we’d jump up and down, eventually, we’ll fall down, so we spin around in our merry-go-round...

I’m the white mouse of affection, in search of the non existing perfection, I’m the cute, sweet and funny white mouse of infection, trying to construct my own mental rejection...

Peace of mind is for the blind, being mice, rats or human kind. Sometimes, the only way through a bad time, seems to simply be resigned. But for us, the solution is unwind: there’s no formula to heal your mind...

I don’t expect that one can understand or that anyone can even comprehend, actually, I’m quite sure, interpretations will be all, misunderstood…

Of all the things we don’t miss, the first, is the abyss, so we’ll stay, even if at the edge but certainly away from this. What I would give, for just one kiss…
any kiss,
sat or stand, (so someone would understand)
of any kind, (to heal my mind)
in any direction, (to create perfection)
one that just, wouldn’t break down (even if it rode, my merry go round).

Because of all the things we know I miss, now we realize, ignorance, is bliss.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Telenovela Mexicana

Eles abraçavam-se e beijavam-se apaixonadamente de uma forma quase proibida. A intensidade dos sentimentos que partilhavam sentia-se no ar que os rodeava.
-Hola Carmen. Quieres carne?
Foi a meio que Madalena entrou de rompante.
-Sinhor Júlio Fuentes?! Sinhora Carmen Fuentes!? Como pudestes?!? Vós sois irmãos!
-Madalena? Ai Julio, que vai ser de nós?
-Madalena, ninguém poderá descobrir o nosso amor. Por favor. Ninguém o compreenderia. Ajude-nos a mantê-lo secreto. Ninguém poderá saber, nem mesmo os nossos pais e principalmente a minha mulher.
-O que me pede é a morte, sinhor Júlio. Pede-me para guardar o pior dos segredos das pessoas de quem mais gosto.
-Por favor Madalena, ajude-nos! Que será de mim e do Júlio se descobrirem?
-Ai senhores… ai meu Deus… E se nos descobrem aos três? Que será de mim se descobrem que guardei esta mentira?
Confusa e cheia de medo, Madalena refugia-se nos seus aposentos a rezar. A pedir forças para suportar o peso desta mentira nos ombros.
Entretanto, Carmen tem uma revelação para Júlio.
-Júlio… Que vai ser de nós a viver na mentira?
-Vai tudo correr bem meu amor. Ninguém precisa de saber. Nunca ninguém vai descobrir! Carmen… beija-me!
-Oh Júlio… não aguento mais. Não aguento mais manter este segredo dentro de mim.
-De que falas Carmen? Que segredo é esse?
-Estou grávida!

Por vezes era estranho observá-los. O movimentos dos lábios não correspondia à fala…

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Hábitos

Um dos não imaginários disse-nos que somos todos animais de hábitos. Acrescentamos, somos animais de hábitos a tentar não nos habituarmos.
Por cada perda de um hábito, crescemos e por cada hábito ganho, equilibramo-nos.
Por cada hábito que perdemos crescemos, por ver o que nos rodeia sem hábitos, crescemos a procurar novos hábitos e, crescemos muito, a sentir falta desses hábitos. Crescemos a aprender a viver sem esses hábitos.
Por cada novo hábito ganhamos a ignorância necessária ao equilíbrio, ganhamos calma e ganhamos o perigo de só querer este hábito. Um perigo necessário tanto ao equilíbrio como ao crescimento… pelo menos assim o cremos.
O problema é quando temos amigos imaginários, que nos regem, cada um com hábitos diferentes, juntamente com outros sem hábitos. Não é fácil crescer com hábitos nem equilibramo-nos sem eles.
Menos fácil ainda é conseguir mudar de hábito.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Wassup Giga Knight?

A época dos cavaleiros voltou. Que não se leia cavalheiros, esses são uma antiga seita, escondida e, por vezes, dependendo do sítio da cidade ou da própria cidade, perseguidos. Era queimá-los a todos seus bem educadões!
Mudaram os tempos desde os cavaleiros de outrora e portanto, há que se adaptar os costumes e reinventar tradições. Obviamente já não há cavalos. Obviamente os cavaleiros predominantes já não são do género masculino, embora obviamente ainda os haja, são agora do género feminino e do género sem género (obviamente estamos a falar da sagrada ordem dos cavaleiros ‘alegres’ e da irmandade das bate chapas).
Com ela vieram novas ordens, novas cruzadas, novas armas e novas armaduras.
Chegámos a conhecer um par de armaduras andantes. Armaduras brilhantes e luzidias, imponentes e respeitosas, sérias e temíveis! Armaduras que só de as olhar nos fazem tremer ao seu som metálico e ajoelhar, cegos, pelo brilhante metal que nos ofusca! São armaduras a admirar de tão fortes e resistentes que são! São, acima de tudo, armaduras de invejar pela sua impenetrabilidade. Pelo menos é que nos dizem.
No outro dia conhecemos um par delas, mas o que víamos, era um casaquinho de malha, que arriscamos fazer notar, estar rasgado em alguns sítios.

terça-feira, 16 de junho de 2009

OMAI têm o prazer de apresentar, O Sr. Amândio

O Sr. Amândio não sabe o que fazer com a vida dele. Não consegue trabalhar, não consegue pensar, não consegue estar. Está irrequieto e desconcentrado.
Ele pensa na mulher que está em casa porque não tem emprego. Ele pensa na lua de mel que ainda não fez. Ele pensa no filho que vem subitamente a caminho, por impetuosidade dos dois. Pensa no carro que está na oficina e cuja conta não sabe se vai ter dinheiro para pagar. No meio de tantas preocupações o Sr. Amândio lembra-se da fuga de água que apareceu hoje de manhã no tecto da sala.
Ele pensa em coisas como, nunca mais fiz exercício e nunca mais comi vegetais em condições, nunca mais tive tempo para mim e faz anos que não falo com amigos. Ele não está à vontade com o seu corpo e sente-se um estranho dentro de ele próprio. O Sr. Amândio lembrou-se de repente que este ano vai pagar IRS em vez de receber, só porque se enganou a preenchê-lo.
O Sr. Amândio sabe que vai ser o primeiro a ser dispensado na empresa mesmo não tendo férias há 3 anos, só para receber o máximo, sustentar a mulher que não encontra emprego e trabalhar mais que todos. Faz os mesmos 3 anos que trabalha horas extraordinárias todos os dias só porque não devia ter investido as poupanças num conselho do amigo economista onde, subitamente, sabe que só vai obter retorno, no mínimo, dentro de 5 anos. O Sr. Amândio já não tem vida sexual.
O Sr. Amândio tem uma dor de dentes mas não pode tomar nada por causa das várias úlceras que aloja dentro si e pensa que, ou vai ou dentista, ou paga a conta do carro que não sabe se tem dinheiro para pagar.
O Sr. Amândio está cansado… PUUUM!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

SE

Somos injustos e complicados, com pouca vontade de perdoar.
Conseguimos construir algo bonito e mágico, de raiz e em pouco tempo, que só por ser novo, diferente e extraordinariamente bom, nos faz viver e entregar, também a nós, de maneira diferente. Conseguimo-nos desligar, estar e absorver tudo com um sorriso, correndo até, pequenos riscos conscientes, que apertam o coração e espalham o medo e o receio, mas aumentam o sorriso que se instalou.
E não sabemos parar. Mas quem consegue parar o que está bem? (e quem é que o quer?).
E o bonito e o mágico, o novo, o diferente e extraordinariamente bom, ficam à mercê da poderosa palavra que tem o poder de fazer tremer o mais sábio dos homens: SE.
A palavra que não é palavra mas é dúvida, e a dúvida, é injusta e complicada. A dúvida é como nós e tem pouca vontade de perdoar. SE, é a palavra que não é palavra, mais esfomeada da literatura. Um simples SE, com ou sem fome, colocado na cabeça, leva à morte, em segundos, do bonito e do mágico, do novo, do diferente e do extraordinariamente bom, construído e plantado com tanto cuidado para não encontrar um SE.
E depois o mal surge de um SE. A dor surge de um SE.
O SE é ingrato. Mas, apesar de tudo, e SE…

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Ói?!

Sentimo-nos cegos. E, como todos os outros cegos que não vêm, imaginamos. Conjecturamos.
Pensamos como será o que não vemos.
Pensamos como seria se víssemos.
Pensamos como será que nos vêm.
Pensamos se na verdade queremos ver.
O que não vemos, atormenta-nos constantemente, por não sabermos o que não vemos.
Se víssemos, tínhamos medo do que víamos.
Saber como nos vêm seria tudo. Seria não sermos cegos, seria sermos cegos e ver, seria sermos cegos e saber se queríamos ver.

A resposta a tudo está em saber se queremos ver. Se queremos deixar de ser cegos, porque, para ver, é fácil... basta perguntar ou admitir...

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Left Unspoken

Se tudo acabasse amanhã que farias?
Se não houvesse fuga possível e tudo acabasse amanhã que farias?
Se tivesses escolha e pudesses, ficar a assistir ou fugir, mesmo sabendo que não havia fuga possível e tudo acabasse amanhã, que farias?
Que farias se tudo acabasse amanhã, não houvesse fuga possível e, mesmo sabendo-o, pudesses escolher se ficavas a assistir, fugias? Se tivesses escolha, que farias?
Com quem estavas? Que ouvias? Que farias? Bebias? Que comias? Com quem comias? Com quem bebias? Com quem escutavas? Com quem estavas?

Se tudo acabasse amanhã faria tudo, que não seria muito. Faria tudo o que quero fazer agora e, quando tudo acabasse, no preciso instante que tudo acabava, se tudo acabasse amanhã, fechava os olhos, sorria e...
-Então porque não o fazes?
-Porque nada vai acabar amanhã...

(and everything is left unspoken)

terça-feira, 9 de junho de 2009

Objectos'R'Us

Todos temos ou tivemos objectos que nos são preciosos. Objectos que são verdadeiramente valiosos, objectos que nos lembram alguém, que nos lembram muitos ‘alguéns’, que nos lembram sítios, ou aquele sítio, objectos que de tão velhos, e por estarem há tanto tempo imóveis, preciosamente guardados nos mesmos sítios, já não nos lembram do que nos deveriam lembrar. Objectos, por vezes, tão pequenos que chegam a ser ridículos. Quando damos por nós em arrumações, e , por estes mesmos objectos todos, damos também por nós a demorar horas para arrumar seja o que for. A demorar meses, anos, uma eternidade, em viagens no nosso imaginário em cada objecto que vemos ou sentimos.
Se uma foto tem o poder de nos transportar, mesmo que desfocada ou mal tirada, mesmo que seja uma foto toda preta de quando íamos juntos e o várâss caiu e tirou a foto mesmo quando a máquina tocou no chão ou quando o bavárâss tirou uma foto com o dedo na objectiva no melhor momento das melhores férias da nossa vida, se uma foto tem este poder, um objecto tem exactamente o mesmo. Mas com cheiro.
O cheiro da sapateira (devidamente lavada) em cima do armário da cozinha, ou o cheiro a cola e tinta vermelha do coração partido de castanhas, o cheiro do som do djembe italiano ou do Pinóquio articulado na estante, o cheiro a cerveja da bandeira daquele país especial, o cheiro da areia do Brasil guardada num frasco, o cheiro zen do monge marcial na secretária, o cheiro dos lutadores de capoeira que, partidos, já não gingam, o cheiro que cheiramos, com um inspirar, demorado, e longo, para logo, expirarmos com um sorriso na boca. O expirar de meses, anos, de uma eternidade, o suspiro de um inspirar um objecto mágico.
Mas nem tudo o que guardamos faz sentido, nem tudo vale a pena ficar guardado só porque foi especial, sob a pena de nos por uma âncora nas pernas. Há objectos necessário perder para sempre, para se andar a velocidade cruzeiro, de âncora içada (mudemos de tema na metáfora não vá passarmos para os mastros…). Não acreditamos nisso mas sabemo-lo, mas não por nós. Para nós, todo o nosso espaço tem que ter história, construída por nós e por quem queremos que a ajude a construir, mesmo sabendo que a história nunca acaba. O que acaba é o espaço na gaveta, na estante, na mesa, no parapeito ou no chão para vagar noutra gaveta, estante, mesa, parapeito ou chão e mesmo vagar na memória.
Na memória também se vaga espaço para armazenar mais e melhor. Na memória também se esquece, para ganhar espaço para ganhar mais. Na memória ganha-se. Na memória guardam-se os ganhos dos objectos que nos dão, mas, principalmente, guardam-se os objectos que apanhamos e guardamos, na memória. Ou não. E aí, ficam perdidos porque são deitados fora. Afinal, já não servem para nada, nem mesmo para recordar.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Sr. R., antes que me esqueça, hoje sonhei contigo

Calma! Não é assim tão mau nem envolvia nudez entre nós. Estás safo da tua masculinidade futura na minha presença e podes-me continuar a convidar para comer camarões fritos em tua casa de tronco nu.
Sinopse:
Foste ter comigo mais umas amigas a L. e de repente fomos presos... Nós os dois, elas foram divertir-se para outro lugar qualquer, acho. Desapareceram do sonho. Quando digo de repente não o digo como num filme que nos prendem, contestamos, vamos para a prisão, chegamos à prisão, entramos na prisão... Não. Presos, dream style. Ora estamos a falar ora no segundo imediatamente a seguir, estamos presos.
Fugimos da prisão. Tecnicamente não fugimos porque não havia fechaduras. Havia maçanetas destrancadas e portas semi-transparentes. Assim que chegamos cá fora tínhamos um chip na cabeça que nos dizia que não podíamos fugir, que tínhamos de voltar! Uma voz feminina (sempre mulheres na cabeça) que falava como se lesse e dizia para voltarmos como se de um GPS se tratasse. Deverá seguir em frente, virar à direita e voltar ao estabelecimento prisional onde se encontrava. Viro-me para a esquerda. Deverá voltar para trás para o estabelecimento prisional onde se encontrava. Assustado com tamanha precisão da nossa detecção, virei-me para ti e disse, fugimos?
Mas tu, com medo, não querias fugir. Estavas com medo. Mas não falavas. Aliás, agora me lembro que não abriste a boca durante o sonho todo. Está tudo bem contigo?
E de repente toca a pior sirene de prisão do mundo (sejamos honestos, era uma casa com uma "cela"). Parecia um toque de telemóvel, mas como esse pormenor está rapidamente a desvanecer, deixei de conseguir precisar o som.
Voltas-te lá para dentro para perguntar se podíamos ir embora (foi um sonho!) e não voltaste. Eu não fui.
Depois branca no sonho ou mudança repentina de cenário. Não me lembro.
Depois já tinhas saído e estamos cá fora na estrada inclinada, ao fundo, a falar com os senhores polícias que eram... polacos!
Os Srs. polícias diziam que não tinham nenhuma queixa contra nós e por isso era só pagar uma quantia em dinheiro e podíamos ir. Já não éramos só dois. Tu sacaste da carteira e toma lá destas notas (por acaso pagaste com cartão, que é ainda mais estranho tendo em conta o cenário, mas menos engraçado). Recusei-me!
De repente já não era de dia. Era de dia, olhei para o relógio (no sonho tinha um relógio de pulso que nunca tive) e quando li 4h da manhã, levantei a cabeça e era de noite. O meu pai não atendia e o meu irmão tinha o telemóvel ocupado (não sei se era um sábado à noite ou dia de semana...). Subitamente, de dia. Fantástico como me teleportava, 1km do topo da estrada, para o fundo da estrada, só com um piscar de olhos, de olhos fechados a sonhar (não é para todos consegui-lo). Agora já havia mais presos, tu, polícias polacos e o meu tio, a traduzir.
Diz-lhe que não pago nada. Se não têm queixas nem registos não pago nada e se quiserem vamos para tribunal. Lembro-me que estava a ficar um sonho... ansioso. Toca o telemóvel (não me lembro de tocar, lembro-me de receber uma chamada mas se não fosse um sonho teria tocado). Era o meu pai. Expliquei-lhe o que se passava e não sei porquê comecei a gaguejar e não conseguia falar ou explicar a situação. Precisava do apoio jurídico dele mas não conseguia falar. O sonho era agora, ansioso mais nervos. Tu a emitires sons para os policias e eles a responderem com outros sons.
Muda o cenário.
Não há polícias, não há telemóveis, tu já foste, é fim de tarde, estou a caminhar com um grupo e de mão dada com uma rapariga que não identifico mas está com umas trombas de todo o tamanho. Está vestida com um vestido branco. Arriscaria linho pelo toque, mas, provavelmente, era do mesmo material dos meus lençóis. Mas branco mesmo branco. Não caminho, sou arrastado por ela, sempre à minha frente, de mão dada e de trombas, a puxar-me, em direcção ao que parece ser uma casa no meio do nada. Não consigo ver a sua cara nem conheço as feições ou a silhueta. Era apenas uma qualquer rapariga. O grupo vai pela porta nós entramos pela janela. Dentro da casa, soldados. Influências certamente do Sr. Peixoto, e do seu recente livro que li. Soldados maus e com mau aspecto. Violentos para quem já lá está, mas que nem sabem que ali estamos. Somos invisíveis para eles. Como no livro.
E o resto não posso contar.

sexta-feira, 5 de junho de 2009


Uma semana depois, estamos de volta com novo ar (um ligeiro bronze) e novo logo, desenhado por nós. Hoje ainda não há blog.