quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Uma caneta!




-‘Tás-te a rir de quê?
-De nada, disse sorrindo sem se aperceber disso.
-Ninguém se ri de nada, respondeu-lhe jocasamente enervada.
-Pois eu rio-me de nada e ainda me atrevo a rir de tudo.
A resposta não a satisfez, mas não quis insistir. Conhecia-o suficientemente bem para saber que não valia a pena. Ele é que não o sabia, e pensava, uma caneta! Uma caneta seria perfeito. Se me conhecesse bem, seria uma caneta! Mas que penso eu, uma coisa é o vento assustar-nos com a sua presença falando-nos ao ouvido quando pensamos estar sós e invisíveis, ou o artifício do fogo acontecer como que encomendado a meio de um romance, ou um vortex nebuloso mostrar-se apenas aos nossos olhos, ou, sem pedido, a encomenda bastar ter vontade, outra coisa é outra coisa. E riu-se sozinho alegando o nada como resposta.
À noite, ao deitar-se, tinha uma caneta na almofada.

1 comentário:

legendary little girl disse...

Mesmo que a escrita não fosse boa, passava aqui só pela banda sonora.
Quando se juntam as 2, muito boas, - uma original, a outra com um toque de originalidade a acompanhar- a visita é mais demorada.