quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Lá é do outro lado de cá



-Um dia destes fujo. Salto a sebe e parto para o que há do lado de lá.
-Ouvi dizer que depois da sebe há um muro e depois disso sabe deus o quê. Mas porque partes?
-...
-Decides partir mas não sabes para onde fugir. Vais tarde. Agora o simples dá trabalho e até para fugir é necessário um plano, que os actos irreflectidos já não são singelos e de simplicidade não têm nada.
-Andar a deriva tem um preço: a sanidade, e a sanidade tem um custo, a solidão. Colheste-me as pernas enquanto me varrias os pés e deixas-me, de costas ao cá, a olhar para o lá.
-Por isso ficas-te, nem cá, nem lá.
-Suponho que se somos quem somos, então, lamentavelmente, sou quem sou. Mas... cá, quem sou eu?
-Hoje, és aquele que olha a sebe, sonha com o muro, fala em saltar mas continua deste lado.

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