quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Que mude antes o mundo!




Que  eu,  não  quero !


Mantenho-me antes assim,
em mim até me fartar!
Vivo sem me fartar!
Existo,
existindo na constante ideia,
imposta subliminarmente pela vivência até então,
pelos genes,
ou mesmo por criação própria,
que o sentimento vence tudo!
Vivo nesta ideia de ilusão.
Existo na ilusão desta ideia,
no egoístico cenário onde a única coisa que importa é o sentir.
Se calhar,
como criança ingénua e inconsciente do mundo,
ainda acredito nas despedidas nas estações de comboio de beijos sentidos e prolongados,
como se do último se tratasse e,
nesse último,
por ser o último,
fosse obrigado a absorver a memória do tacto e do sentir.
Por ser o último,
querer e necessitar de guardar tudo.
Se falar pode estar sobrevalorizado,
a partilha do sentir estará subvalorizada:
"Guardas-me o chapéu? Voltarei para o vir buscar..." (e para te ver...).

Ainda mais criança,
mais ingénuo,
com uma maior recusa de que assim não seja,
de que fora disto não possa ser!,
com a maior das convicções de que ou é assim ou não quero!,
ainda vivo influenciado pelas películas a preto e branco.
Ainda imagino como verdadeiras as monocromáticas despedidas finais:
Um, de costas voltadas,
afastando-se,
despedindo-se apenas pelo olhar,
em grande tristeza do outro,
não o querendo,
com todo o orgulho próprio de um magnífico preto e branco de poucas palavras,
saindo!,
cada vez mais longe!,
cada vez mais tempo!,
cada vez mais triste!,
para...
antes do cair do pano...
antes do genérico e do final,
se ouvir uma corrida de saltos altos que diz
"não vás!":
um abraço forte;
quatro lágrimas de quatro olhos;
um masculino abraço sentido;
um beijo de duas cores e o feminino encolher de uma perna:
close-up...
música em forma de sonho,
um triste suspiro sentido para quem vê.
um triste suspiro sentido para quem lê,
um triste suspiro sentido para quem escreve,
e...

The End

1 comentário:

João disse...

Gracias a la vida que me ha dado tanto
me dio dos luceros que cuando los abro
perfecto distingo lo negro del blanco
y en el alto cielo su fondo estrellado
y en las multitudes el hombre que yo amo

Gracias a la vida que me ha dado tanto
me ha dado el oído que en todo su ancho
graba noche y día grillos y canarios
martirios, turbinas, ladridos, chubascos
y la voz tan tierna de mi bien amado

Gracias a la vida que me ha dado tanto
me ha dado el sonido y el abecedario
con él, las palabras que pienso y declaro
madre, amigo, hermano
y luz alumbrando la ruta del alma del que estoy amando

Gracias a la vida que me ha dado tanto
me ha dado la marcha de mis pies cansados
con ellos anduve ciudades y charcos
playas y desiertos, montañas y llanos
y la casa tuya, tu calle y tu patio

Gracias a la vida que me ha dado tanto
me dio el corazón que agita su marco
cuando miro el fruto del cerebro humano
cuando miro el bueno tan lejos del malo
cuando miro el fondo de tus ojos claros

Gracias a la vida que me ha dado tanto
me ha dado la risa y me ha dado el llanto
así yo distingo dicha de quebranto
los dos materiales que forman mi canto
y el canto de ustedes que es el mismo canto
y el canto de todos que es mi propio canto

Gracias a la vida, gracias a la vida