segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Toque. . . .



Ao primeiro toque desperto:
Apuro-me atento a tudo, vidrado no que vejo, arritmando ao sentir o calor alheio e transpiro mais do que pensava poder. Inalo cada suspiro para torna-los meus...
Ao segundo toque relaxo:
Deixo-me ir ao sabor da pele, arrepio-me no escuro até ser luz, expiro o tremer, contorço-me a menos que lentamente e retribuo o toque brincando com a recente descoberta da derme e dos sentidos...
Ao terceiro toque expludo:
Assinto ao prazer e saio involuntariamente da minha pessoa observando-me, atentamente, atónico de ciúmes e inveja de mim para, embora inerte à provocação que me incito, começar a compreender que não sou apenas eu que me desafio. Volto a mim com a mesma lentidão que me vejo contorcer...
Ao quarto toque adormeço:
Sonho o vazio e o Feliz até à primeira luz ténue e acordo com um toque familiar, mas um outro, diferente, mais suave e mais prestável, igual aos outros mas num só. Atemorizo o pensamento com o porvir e entrego-me calmamente, oferecendo-me em reverência numa harmoniosa vénia.
Antes de qualquer outra investida se concretizar, no limiar de mais um toque iminente, no instante imediatamente anterior a ser concretizado, não mensurável de tão ínfimo, desfaço-me... derreto-me em suor e, sereno, deixo-me deslizar para o mar, sorrindo: sou finalmente eu!

1 comentário:

littlegirl disse...

Avé, Avé!