sexta-feira, 28 de agosto de 2009

TCHUUU!, (*sniff*) tchu...

Não fosse o barulho e a sujidade em geral, gostaríamos de viver numa estação de comboios. E não foi preciso muito tempo para nos esquecermos da magia que uma estação de comboios possui:
Os jovens casais,
alheios a tudo e a todos, aparentemente, loucamente apaixonados, pelos cantos em despedidas que aos olhos de estranhos será eterna, como se aquele breve momento fosse o último que iriam passar juntos, como se o mundo acabasse no instante seguinte à sua separação e fosse essa paixão louca e emotiva que quisessem guardar para cada um, sem discussões e ciúmes, apenas pura e irracional paixão, eterna e duradoura;
As pessoas sós e inertes, mal vestidas, sem qualquer preocupação em combinar cores com sapatos e acessórios mas, que só de olhar, parecem ter uma agenda muito mais preenchida e misteriosa que na verdade, julgamos, terem;
Os engravatados, supostos executivos, com as suas pequenas malas de negócio ou pequenos laptops que, para nós, são todos presidentes do conselho de administração de uma grande empresa;
Os já não tão jovens casais, envoltos em afectos discretos, mas nem por isso menos sentidos, de notória experiência por não precisarem de se olhar eternamente nos olhos com medo de se esquecerem um do outro,
absortos ao que os rodeia, mas apenas desfrutando mais uma despedida ou, na melhor das hipóteses conjecturadas, o fim ou o início de mais uma viagem em conjunto;
Os pequenos grupos estrangeiros que, estando de passagem ou de visita, de aspecto invejavelmente cansado e suas mochilas nómadas, arranjam um qualquer recanto para descansar e conviver, involuntariamente alheios aos que os rodeiam, despreocupados com o mundo, e por isso, com uma tranquilidade genuína, na companhia de uma garrafa amiga.

Uma história em cada canto, que primeiro se cruzam, entrelaçadas e confundidas, para depois desaparecerem, por breves momentos, em breves momentos, com a chegada de mais um conjunto de vagões. E todos entram, levando consigo a magia que desaparece da estação, mas que também não parte na viagem, deixando para trás quem diz adeus... e os chapéus.
Até ao próximo reencontro.

2 comentários:

Anónimo disse...

como é que tu podes gostar de estações dos comboios e não gostar do outono?

Twittie disse...

Meu caro. Finalmente algo digno de um comentário e mesmo de constar no blog dos imaginários.

Apanhada a essência de um passado futuro, ou de um futuro presente, e relembrar a paixão das viagens feitas e das por fazer...

Relembrar a vida que tivemos na segunda-guerra e de regresso numa bela estação, a bela donzela nos esperava de chapéu em riste e sorriso ao alto dizendo "Bonjour Amour".