sábado, 1 de agosto de 2009

‘Sunshineless’ of the spoted minded



Tenho uma mente com pinta. Muitas pintas. Demasiadas! Pintas que riem e suspiram e me matam quando mudam de côr. Pintas e mais pintas incolores, agradáveis ao toque e impossíveis de tocar por simplesmente serem proibidas. Pintas que só por existirem doem em cima e apertam a meio.
E que fazes tu?
Porque me atormentas tu imaginária com tua meia presença. Porque esqueces o que te digo e fazes de mim uma pinta com pinta para te tornares tu, não numa pinta, mas num borrão. Uma única pinta, enorme, sem forma ou volume mas que ocupa mais espaço do que devia. Digam-me que faz ela! Digam-me!!
E que faço eu?
Porque me angustío eu com tamanha falta de pinta na minha cabeça. Por tanto desejar não ter pintas, começo a guardar em mim o crescimento da angústia de uma derrota que não suporta mais o pesar das horas ébrias em mim. Digam-me o que faço eu! Digam-me!!
Apaguem-me as pintas! Queimem-me! Deitem água no borrão e esfreguem com força! Eliminem-me tudo o que tenho pintado e pintalgado enquanto o gigante aninhado e meio encolhido a dois metros de mim, dorme.
É aproveitar dizem! É agora que está só e indefeso, distraído e em sonhos perdido. É agora! É agora que te deixo, monstro! E subitamente o monstro suspira.
Abre um olho sem nada dizer, pois nada precisa de dizer, e eu pergunto - Tens frio? Calor? Tapo-o, aconchego-o e olho-o com uma ternura desmesurada para a minha métrica, enquanto o monstro re-adormece... e reinicío.
É agora monstro! Agora é que não escapas à morte! É agora que ponho fim à tua vida, à minha, ás tuas pintas e às minhas para escrever, em mim, cá dentro, em cima ou no meio, “Proibido pintar!”.
É agora! É agora que ganho coragem, inspiro fundo e prelongado para dar ar ao interior, ao coração palpitante desejoso de qualquer resto de oxigénio que lhe possa disponibilizar e aos encarquilhados pulmões ainda tingidos de tinto para baixinho, quase sem ar a passar na minha pequena faringe seca, fechada, encolhida e sem espaço para ar, quanto mais para palavras, e com uma voz apenas compreendida por ouvidos estacionários em silêncio à horas, sussurrar: m o n s t r i n h o. . .  v a m o s  d o r m i r ?

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