segunda-feira, 13 de julho de 2009

A noite do dia a seguir

As noites do dia a seguir são curtas.
São impossíveis e são ansiosas e são tristes.
Nas noites do dia a seguir não se dorme,
pensa-se.
Pensa-se demais e quer-se demais.
Quer-se e pensa-se tanto naquilo que não sai,
não quer sair e insiste em ficar,
que o espaço interior começa a escassear.
Os pulmões, comprimidos, respiram pior a cada pensamento,
passando a respirar em soluços.
O estômago dói a cada pensamento,
até cada pensamento causar enjoo.
O coração tem pensamentos
a cercá-lo a apertá-lo a confundi-lo…
A matá-lo!
A cada pensamento mais, vamos deixando de funcionar.
A cada texto, o ultra populado interior, descomprime.
A cada gota de álcool o interior relaxa,
para falsamente adormecer, pois o acordar, ainda é mais sufocante.
O acordar, é sempre igual ao deitar. Mas com luz.
A luz que leva tudo a esconder-se no escuro,
a aguardar,
por mais uma noite do dia a seguir.

3 comentários:

Anónimo disse...

Noite de escuros vazios.
Atormentam quem os não conhece.
Para lá das vidraças
O vulto das coisas que habitam a noite
Dança entre sombras e luzes difusas.

As rimas brancas lembram
O que a mente é.
A impotência da hora.
A implacável noite.

Tudo escurece menos os meus olhos.
E o espirito iluminado por mil ideias
Desconexas, sofridas, impossíveis, eloquentes...
Os pensamentos rolam entre voltas de algodão.
O corpo contorce a inquietude
Entre o branco e o Breu.

O luxo de esquecer. Não existir.
Momentaneamente.
A sede de direito
E a sua negação constante.
Apenas vencer as pálpebras
E quedar no quebranto cansado.

João disse...

Só é pena ser anónimo...
Mas... Estarei a reconhecer a escrita?

Não tens outro sítio onde escrever?
Acho mal vires assim, aqui, ofuscar os meus textos com comentários superiores.

Beijo ou abraço?
humm.. suspeito beijo

raquel disse...

Na na na... Não fui eu! Ando às voltas com noites mal dormidas e acordares pesados, mas só porque tenho andado com a casa às costas. Parabéns pelo teu post. Maravilhoso. E já agora, parabéns ao autor do comentário... Profundo também. Beijos