terça-feira, 9 de novembro de 2010

bicho... da conta.




Volto a mim, ao que sempre fui, para partir, assim, em mim. Fecho-me ao mundo que não me merece, a mim, ao meu. Alda da razão, do saber pelo não chegar, do desgosto pelo não querer, pelo sorriso solitário e a ausência do físico. A minha cabeça é o meu querer, a minha vontade é o meu ser, a minha palavra mostra a ignorância dos outros pelo não saber: estúpida! Estúpida palavra que não sabe, nunca soube, não vai sequer saber nem viver.
Bichos! Bichos do mar que me afogam, bichos da conta que me enrolam, me fecham, me fazem querer estar só, como eles, de patas com patas e cinzento nas costas, na vida. Riscas dorsais que me ferem, chagas que marcam a nascença de um bicho da conta. Vou. Venho. Chego. Parto e parto e torno a partir. Despeço-me à vida e ao mundo, à unicidade, às palavras, deixo as palavras e guardo o silêncio: Eu sou silêncio, eu sou O silêncio, eu sou o tudo do nada que não já não é meu. Eu sou o nada que tive tudo, por isso parto. Não por isso, mas parto, rumo ao tudo, sem nada, em mim, ao meu.
Hoje sou teu. Por um dia sou teu, por um momento sou teu, quieto, ausente, em mim, em conta com a conta do bicho da conta que vive no mar e me afoga pela vista. Ontem fui teu. Por um dia fui teu, por um momento fui teu, quieto, ausente, à espera, em mim. Amanhã... amanhã, minha cara Babilónia, amanhã sou meu! e nem num cabelo me tocas!



1 comentário:

Alda disse...

Fímbria de Melancolia

Fímbria de melancolia,
memória incerta da dor,
ouço-a no gravador,
no fado que não se ouvia
quando ouvia o seu clamor.

Porque era já no passado
o presente dessa hora
e que me ressoa agora
a um outro mais alongado.

Assim a dor que se sente
no outro obscuro de nós
nunca fala a nossa voz
mas de quem de nós ausente,
só a nós próprios consente
quando não estamos nós
mas mais sós do que ao estar sós.

Onde então estamos nós?