quarta-feira, 21 de julho de 2010

Naquela Cozinha

Passam-se horas de nada e nada se passa.
Nada adianto e nada penso,
apenas as passo e fico.



Talvez por isso tenha medo de me desperdiçar,
e assim,
a vida não chega sozinha.


Aguardo a chegada de alguém que me alente,
que também procura alento,
me vê e parte.


Vão-me fazendo companhia os bichos
e o vento em som e em verde
e eu vou-lhes falando do que sinto,
para não me sentir tanto.


Partilho a minha alma ao que só ouve sem atenção,
deixo um pouco de mim neste jardim
e vejo-o crescer mais por isso.


Gostava de ser como ele,
mesmo que ele não fosse um homem feliz,
porque infelizes,
todos o somos à nossa maneira...


Até os bichos o vêem.



3 comentários:

Diana disse...

O que para uns é sinónimo de nada e lugar de possível desperdício, para outros, é o seu porto seguro e motivo de orgulho ;p
Beijo na esperança de que te tornes um homem mais feliz.

João disse...

Só pelo beijo já sou.

Natércia disse...

Embora seja de há um mês atrás aqui fica o meu comentário:captaste mt bem um momento de espera a que acrescentaste poesia...não consigo perceber onde está o desperdício ou o nada que a Diana vê.E a felicidade existe enquanto momento,vai e vem...Quem é totalmente feliz!? Só no paraíso se ele existir.Bjs aos dois.