terça-feira, 13 de março de 2012

Outros tempos



Houve um tempo,
que conduzia toda a noite só para estar de manhã,
que oferecia flores
e de tão bom,
era mau.
Em tempos,
houve um tempo de música nova,
de longas manhãs
pelas longas noites anteriores,
de vinho tinto e de carne.
Em tempos,
o tempo era de planos desmesurados e sem medidas,
as esperas eram agonizantes
e, por ser um tempo que se julgava não ter fim,
não se media o infinito.
Em tempos,
houve um tempo de um sol diferente para uma pele despreocupada,
de um insosso mar sem sal,
de voadoras estrelas cadentes
e do estranho bom tempo.
Tempos houve do Genuíno e da dúvida,
do Calor e da indiferença,
do Querer e da simples vontade.
Houve em tempos,
um desejo que começou com um vento que nunca estava longe,
era o tempo em que o vento me falava
e eu contava os dias e as horas,
era um tempo de magnífica ingenuidade,
de línguas revoltas e ignorantes corpos,
eram tempos sem gatos nem ciúmes...
e até eram bons tempos...
mas isso,
eram Outros tempos.


3 comentários:

Alda disse...

se se dá muito tempo ao tempo,
nasce-se com o tempo do tempo.
se se deixa solto tempo,
lembramo-nos que existe tempo
só com o parar do tempo,
deixando o tempo de ser tempo.
o iluminado tempo
que só interpreta o tempo,
o jubilado tempo,
que reinventa o tempo
o tempo que renasce do tempo
em mim, que já sou tempo.
e agora Tempo,
tudo sou não tendo tempo!
busco-me depois no tempo.
sou os meses e as décadas e os séculos do tempo,
sou as aves e as nuvens e os disfarces do tempo,
sou o frio e a tormenta e o calor do tempo.
sou a presença do tempo fora do tempo,
sou a alegria do tempo,
que rectifica o tempo.
e agora Tempo,
agora, tudo sou … não tendo tempo.

Alda disse...

plágios de outros tempos

João disse...

E de repente lembrei-me !
Lembrei-me do "nada" e depois lembrei-me do "tudo".
Bem me parecia que havia uma familiar sonoridade nesse comentário ;)

Lá fora até posso ser tudo,
mas aqui,
aqui, "...agora, não sou nada... nem sou tempo".