sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Quanto custa?



Custa acordar a pensar: Custa pensar em como gostar depois de GOSTAR e por isso, custa a andar. Custa a andar quando andar é deambular. Custa atravessar a cidade olhando o chão, olhando o frio a sair da boca e custa ver tudo isto, sem realmente ver nada: Custa não saber. Custa ficar de pé num metro a ouvir o silêncio porque o que custa, é recordar agora que o que ouvia, era o silêncio e custa admitir que perdi o tempo e o espaço e segui sem sair. Custa que as portas se fechem e não me aperceba que fecham. Custa voltar atrás quando se está atrasado. Custa almoçar a trabalhar ao som da mais maravilhosa música e quase que custa não me aperceber que me levantei enquanto falavam para mim. Custa que não me custe os olhos que me seguem incrédulos por me levantar, porque não percebem que não os ouço, e isso, custa-me. Custou-me quando me dirigi ao sotaque francês e perguntei que maravilha estava a ouvir. Custa sorrir ao sourire só para responder de igual forma ao sorriso. Custaria ouvir o propriétaire dizer que isto, não se ouve, não se compra, nem se vê em mais lado nenhum... custaria! Não fosse eu teimoso e procurasse até ao fim do mundo (que isso já não me custa) por uma música assim. Mas custa-me que a única razão de uma música assim ser assim, ser para querer oferecer uma música assim... Custa-me que me levante, que deixe de ouvir e de ver, que deixe de tudo, porque num sopro de vontade e esperança, quis que ouvisse o que ouvia. Custa-me que queira partilhar assim e custa-me um bocadinho muito mais só porque a música já acabou. Mas aquilo que mais custa, é ter a noção do quanto custa e, talvez por isso, custar ainda mais... custar tanto como receber, no dia que custa muito, novidades que não são novidades, mas que custam. E quanto custa tudo isto? Custa muito...


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