sábado, 4 de dezembro de 2010

Pilar, José e o Amor


O estereótipo de há cinquenta anos rezava: “Casaram-se e foram felizes para sempre.” O estereótipo contemporâneo preconiza: “Casamento, pantufas, aborrecimentos.” Um estereótipo não é melhor, nem mais inteligente, do que o outro – a ideia de que os casamentos estão condenados ao tédio só parece mais brilhante do que aquela que toma a felicidade como um dado adquirido porque o pessimismo dá sempre uns fumos de ilustração aos seus praticantes: quem futura em negativo passa facilmente por lustroso cérebro, porque há sempre um desastre ao virar da esquina – e muito mais mirones para o desastre do que para a alegria. As relações nascem muitas vezes mortas por falta de fé – falta-nos amor por esse amor que é como uma espécie de terceira entidade gerada pela atracção entre dois seres e que precisa de ser estimado como milagre concreto.
(…)
Aprende-se a amar caindo, falhando, errando muitas e muitas vezes. Até ao momento em que ficamos prontos para ser felizes para sempre. Há é pouca gente para dar por isso.

Inês Pedrosa
in Revista Única

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