segunda-feira, 10 de maio de 2010

Chove cá dentro

És tu que me contas o que já sei,
no teu repetido compasso
da sinfonia da gota e me revela
o que sinto mas não sei.
Ora lenta...
ora meiga...
ora tu, mas sempre compassada.
Há uma pureza na água dos céus
e no seu ressoar
que só eu e ela entendemos.
Um pouco como a irritação profunda
que partilhamos na insónia solitária,
por ser solitária.


Deixemos de lado a tranquilidade
do não saber e do saber,
a calma do respirar ao meu ouvido
e fiquemos só os dois.
Fiquemos contigo,
lenta...
meiga..
compassada,
enquanto me adormeces,
gota a gota.
Cada vez mais espaçada...
Longe...
Uma...
Outra..


E é então que a chuva pára
e com ela,
o respirar no meu ouvido.

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