segunda-feira, 21 de junho de 2010

Cura do bem estar

Sentimos uma dor e uma raiva misturadas na mesma tristeza desta ferida que observamos.
Dor, nas palavras que sentimos nunca conseguir explicar, para explicar o sangue e a pele ferida. Sentimos a dor da dor, não a dor das palavras e isso não se explica, sente-se ou escreve-se, e também isso dói pela teoria de equivaler a álcool em ferida aberta, matando, desinfectando, mas nunca curando. Por isso dói. Mas dói muito mas ninguém vê ferida nem ninguém ouve dor. Mas não dói muito só na nossa teoria, que todos o somos, uns teóricos, não! Nem dói só na prática, que ninguém vê nem ninguém ouve. Não! Dói em tudo!
Raiva, pela constante dor, por fazer doer e por repetidamente olharmos a ferida de sangue e não pele. É a raiva da impaciência da dor e também esta não se explica, sente-se e actua-se como uma bússola irrequieta sem norte. Uma que não chega a buscar o norte, não sabe sequer do norte mas confunde-se pelo sul. Sente-se e actua-se aos círculos, tonta, de duplo sentido, tola, de sentido único, e cai-se. E quando procuramos e não vemos o chão caído, é esta a raiva que sentimos!
Tristeza, pela dor e pela raiva. Somo-la ambulantes, nómadas, vendendo tónicos milagrosos de raiva e dor. Somos mágicos, druidas de sono e cansaço, com a poção mágica da tristeza num frasco: Vende-se remédio! Não ingerir! Provoca mal-estar.
E bebemos e inquietamo-nos, aleijamo-nos e confundimo-nos e caímos e repetimos e curamo-nos!

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