hoje não existo,
não sou eu!
não sei sequer quem sou.
hoje,
como ontem,
como no dia anterior,
como todos os dias até então,
apenas plano.
nem ao menos voo:
plano!não sinto,
não estou,
nem sou.
nem sei:
plano.
engulo o ébrio para voar um pouco,
ingiro o fumo que me voa mais um pouco,
depois:
f
l
u
t
u
o,
para apenas planar de mais alto.
hoje não existo mais um pouco:
e plano.
hoje gostava de saber escrever.
de conseguir falar.
de conseguir ser pelo não saber e descer à terra a dois palmos de mim.
gostava de voltar a ser gente: ignorante e livre gente.
gostava de ser cíclico,
de ser moda.
de ser um deus e voar com o temporal lá fora,
de não ter que ser homem
para não ter que planar.
hoje,
por uma vez que fosse,
só desta vez,
gostava de poder ser eu a mandar!
mas não.
continua o vento no trono,
e mesmo esse,
insiste em me abandonar ao ar.
escravo de ti,
tristemente assinto,
e tristemente plano.
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